A vida é para ser boa!!!!


A vida é para ser boa!!!!

Olá meninxs. 

Estava aqui pensando: por mais que novos entendimentos sobre a questão LGBT estejam se tornando patentes em toda a sociedade e no meio espírita, ainda convivemos com os arcaismos e não raro, no meio espírita, aparece alguém para nos afirmar: vocês são grandes errantes do passado e a "situação" que vivenciam (muitos amam usar o termo "condição") é um corretivo, portanto devem buscar se esforçar mais que os outros por um comportamento moral inquestionável.

Na visão dos que defendem tal postura, comportamento moral inquestionável inclui ficar bem longe das pessoas do mesmo sexo, se vc sente desejo e afeição por elas. Um pensar infelizmente ainda defendido (de maneira equivocada) em muitas fraternidades espíritas, principalmente as de cidades pequenas. Equivocada porque toda a sociedade (ou pelo menos a parte dela que não está desesperada por manter o conservadorismo extremo) admite os (não tão) novos arranjos de relações afetivas e de famílias.

Diante de fatos como estes, ainda vivenciados por nossxs amigxs em diversos espaços espíritas kardecistas, direta ou veladamente, gosto de refletir numa frase de Andrei Moreira em uma de suas contribuições para alavancar um pensar menos preconceituoso dentro do movimento espírita: "A vida é para ser boa". 

Na reflexão sobre essa frase nos cabe pensar que não devemos ficar procurando, nos preocupando com quais seriam esses "erros do passado", azedando a nossa mente e sentimentos remoendo certos apontamentos alheios. "A vida é para ser boa" é um pensar que pode ser adotado por qualquer pessoa, não apenas pelos membros de nossa comunidade. Isso significa redirecionamento do pensar e do sentir para o que edifica e alimenta o sentir-se e o estar no mundo.

Como pessoa LGBTQIA (estou no IA, se é que é possível estar numa letra só neh. rsrsrsrs), que também ouço, leio e vejo arcaismos no meio espírita, digo que devemos ter muita certeza de que as nossas experiências nos edificam, nos fazem enxergar a existência fora das caixas de padrões estabelecidos, muitas vezes ditados pelo modismo, pelo comércio, pelo mercado; e que se tornam dominantes em nossa sociedade pelo costume acomodado em forma de tradição, pelo lucro que promovem ou pelo status que garantem.

Quando amamos no meio do caos dos preconceitos alheios e institucionais sabemos que estamos apenas amando, da maneira mais sincera e pura que poderíamos, porque não temos a preocupação de sustentar algo para 'o mundo lá fora'.

Alguém poderia dizer: "é exatamente esta a lição que devem aprender". Se leem como lição, é questão de ponto de vista, é como quem está 'de fora' busca justificar os próprios pensares ou preconceitos não admitidos; mas para quem está dentro das vivências fica a conclusão de que vive o que torna a sua vida 'boa', na companhia da companhia que a alma, o coração, a pele e todo o resto escolheu para sua companhia. Rsrsrsrss.

Aos espíritos é permitida a vivência de experimentações  diversas, que ajudarão a desenvolver suas habilidades, seus sentimentos. Isto é afirmado pelo Espírito Joana de Ângelis, no livro Encontro com a Paz e a Saúde, em Psicografia de Divaldo Pereira Franco: 


O fato de alguém amar outrem do mesmo sexo não significa distúrbio ou desequilíbrio da personalidade, mas uma opção que merece respeito, podendo também ser considerada como uma certa predisposição fisiológica. Pode-se considerar como uma necessidade sexual diferente com objetivos experimentais no processo da evolução. O amor, no entanto, será sempre o definidor de rumos em favor do ser humano em toda e qualquer situação em que o mesmo se encontre (ANGELIS; FRANCO, 2007).

Os experimentos no campo da identidade de gênero e da sexualidade, tanto heterossexual como homo e bissex, tem a função de aprimorar as polaridades sexuais, desenvolve-las, até que os caracteres masculinos e femininos se ajustem na situação de androginia angelical. O desenvolvimento das polaridades nos é explicitado na literatura espírita por Jorge Andrea e o recorte referente a isso pode ser encontrado no livro Homossexualidade sob a Ótica do Espírito Imortal, de Andrei Moreira. 

As experiências vivenciadas pelas pessoas LGBT são as que mais proporcionam aos espíritos (nós mesmos) experimentos e vivências que se aproximam da androginia das polaridades (afirmação encontrada na psicografia de Benjamim Aguiar), que é o próximo passo evolutivo da humanidade terrestre. Caminhamos enquanto coletividade para a Era do Espírito, solucionando questões que na atualidade ainda são tratadas com preconceito e tabu.

Há quem diga que posicionar-se desta forma (a vida é para ser boa) é autodefesa LGBT, é um pensar perigoso por "negar" que estamos em um mundo de provas e expiações e por parecer uma "recusa" ao "santo recurso da correção"; já me deparei com todos estes argumentos e novamente fica a resposta de que este ou aquele posicionamento é questão de ponto de vista, abertura ou fechamento ao avanço do conhecimento em todas as áreas que a atualidade permite, e de vivência. É muito conveniente para quem "está de fora" assumir posturas 'acusativas'. 

Da mesma forma é muito compreensível que quem está "de dentro" das situações busque passar aos seus iguais uma visão de vida e de espiritualidade que promovam a sua autoaceitação como Lésbica, Gay, Bissex, Trans, Intersex, Agênerx, Andróginx, enfim... promovendo a autoestima e fortalecendo para o enfrentamento das situações de ódio e preconceito que ainda vivenciamos, quando nos deixamos ser notadxs.  

Vocês leitores podem desconhecer o fato, mas há muitas pessoas LGBT, no meio espírita, ainda se privando de relacionamentos homoafetivos que poderiam ser saudáveis e ricos no desenvolvimento do sentimento nobre, da dedicação sincera e cooperativa para com um(x) parceirx, pelo simples fato de que a fraternidade espírita proíbe que haja aproximações de pessoas do mesmo sexo com interesse afetivo (este trecho provém de conversas com LGBT espíritas baianos). 

A vida é para ser boa!!!!
Sem dúvida uma agressão ao sentimento, uma repressão forçada da sexualidade, que podem trazer graves consequências para a qualidade de vida da pessoa LGBT que permanece ligada ao sistema de ensino de tais fraternidades.

Lembrem-se: "A vida é para ser boa!!"

Pensamento Positivo sempre. 

E vá viver o seu amor, seja ele como for.



Referência
Ângelis, Joana de. Franco, Divaldo. Encontro com a Paz e a Saúde. Editora Leal, 2007. Disponível em<http://files.comunidades.net/portaldoespirito/Joanna_de_Angelis__Encontro_com_a_Paz_e_a_Saude.pdf>. Acesso em 02/2015.







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