O tabu em torno do sexo anal
💭Estudando a Homoafetividade com Andrei Moreira
O tabu em torno do sexo anal
O problema que muitas vezes incomoda a muitos é a prática sexual entre iguais, sobretudo a masculina, questão poucas vezes citada, mas presente subliminarmente na fala de muitos espíritas.
O sexo anal é tabu para a humanidade como um todo, e no meio religioso todas as práticas sexuais o são, essa mais ainda.
É interessante observar que de vez em quando se levanta essa questão em relação aos homossexuais masculinos, mas esquece-se que os heterossexuais também o praticam, e frequentemente.
Segundo pesquisa de Carmita Abdo, o Prosex (Projeto Sexualidade do Instituto de Psiquiatria do Hospital da Faculdade de Medicina da USP) 28% dos heterossexuais admitem praticar sexo anal regularmente em suas relações monogâmicas conjugais ou em relações extraconjugais (que 50% dos homens e 25% das mulheres heterossexuais admitem ter).
Trata-se, portanto, de uma questão que diz respeito a todos, heterossexuais e homossexuais.
A questão que aqui se evidencia e que é importante de ser ressaltada é que, independentemente de a prática sexual ser julgada anatômica ou não, adequada ou não, de acordo com padrões fisiológicos ou morais, não cabe a ninguém dizer ao outro o que deve ou não fazer em matéria de prática ou posicionamento sexual. Essa decisão é pessoal e reflete o caminho e a busca de cada um.
A Doutrina Espírita é ciência e filosofia de consequências religiosas que promove a expansão consciencial do indivíduo, fazendo-o compreender a natureza das circunstâncias e suas repercussões na vida futura, estimulando-o ao autoconhecimento e autodomínio em busca da autossuperação, referenciada no Evangelho e na consequente evolução.
Cabe, portanto, a cada qual conhecer seu corpo e sua fisiologia, decidindo o que lhe convém ou não, o que é adequado ou não, o que é aceitável e suportável em termos de vivência. E isso será sempre uma escolha particular que caberá a cada qual fazer.
A questão é que, ao ditar regras para o outro, a pessoa está falando de si mesma e de suas necessidades e tabus. Talvez por isso teria dito um espírita abalizado que a Terra precisa muito de educadores sexuais, o problema seria encontrar professores capacitados... Sintetiza Ermance Dufaux:
"A questão da sexualidade é pessoal, intransferível, consciencial, e a ética nesse campo passa por muitas e muitas adequações. (Wanderley Oliveira e Espíritos Ermance Dufaux e Cícero Pereira, Unidos pelo amor, cap.14, p.91)". (MOREIRA, 2012, P. 197-199).
Referência
MOREIRA, Andrei. Homossexualidade sob a Ótica do Espírito Imortal. AME Editora. Belo Horizonte/MG, 2012.
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Comentários
Desculpe a demora em responder. A pandemia deixou o nosso ritmo meio confuso, mas aos poucos vamos voltando.
Desde a década de 1970 Chico Xavier lança novas luzes sobre o entendimento do sexo e da sexualidade. De lá para cá avançou muito o pensamento neste sentido e pergunta-se se as pessoas transam apenas três ou quatro vezes na vida, o suficiente para fazer quatro filhos. Sabemos que não. Ou, esperamos que não. Seria isso fruto de uma tremenda desinformação.
Atualmente se concorda que a função do sexo em nossa vida, tanto hetero como homossexual, vai além de mero mecanismo para reprodução. Ao dialogar com as demais ciências entendemos-o como meio de trocas afetivas entre parceiros, que colabora para a manutenção do equilíbrio de funções vitais, ao potencializar a produção de serotoninas, por exemplo, e inibir a produção de cortisóis, responsáveis pelo estresse.
No mais o que ainda persistem são as dificuldades para aceitar que as diferenças sempre exisitiram, ficaram ocultas por determinado período histórico, mas, devido ao próprio progresso do conhecimento humano, começam a conquistar visibilidade e espaço de expressão.
Assim, amem-se enquanto pessoas homossexuais e, se for a sua real vontade, permitam-se sim relacionamentos afetivos.