Joanna de Ângelis: Amor não é ser posse do outro


Hellooooo Babies!!!

Gente, fala sério, nessa pandemia do novo coronavírus ficamos completamente mais sensíveis aos valores que realmente mais importam a cada um/uma/une de nós, não é mesmo? As nossas noções de solidariedade, ética, democracia e amor estão em alta.

Hoje a nossa reflexão LGBT Espíritas trata do tema 'Amor'. Esse que você sente por alguém especial. Quando se fala em amor no meio religioso em geral, se está falando do amor universal, ou seja, do compromisso ético que temos em relação a todas as pessoas (e seres, e coisas) que dividem com a gente a existência, mas o recorte de hoje tece reflexões específicas para o contexto relacionamentos amorosos.

No começo da vivência espírita a gente procura muito o que o espiritismo ensina sobre cada coisa na atualidade (esse é um trecho importante, pois buscar as afirmações da atualidade garante que estão afinadas com a realidade de nosso tempo. Três dicas de canais atualizados é o site e canal TV Mundo Maior, o canal Meninas Espíritas e o humorístico Amigos da Luz), e claro, sobre o amor, mas esse amor que a gente tem por aquela pessoa especial que a gente acaba achando - mesmo depois de ter passado boa parte da vida "passando rodo" ou sendo "corrimão da rodoviária" (rsrsrs, são termos usados por amigxs. Ó, por aqui não tem tabu, não, ok? Se vc tá 'passando rodo', sendo 'corrimão da rodoviária', esquenta não, são coisas tidas como de foro íntimo, de decisão e consciência de cada individualidade e os outras pessoas não tem naaaaada a ver com isso!!! O fato é que cedo ou tarde o danadinho do amor chega e, acredite, se instala. rsrsrs).

Aí o que refletimos é: o que é o amor mesmo? Nos auxilia nesta reflexão o seguinte texto de Joana de Ângelis:


Amor não é ser posse do outro
O amor é uma conquista do espírito maduro, psicologicamente equilibrado; usina de forças para manter os equipamentos emocionais em funcionamento harmônico. E uma forma de negação de si mesmo em autodoação plenificadora. Não se escora em suspeitas, nem exigências infantis; elimina o ciúme e a ambição de posse, proporcionando inefável bem estar ao ser amado que, descomprometido com o dever de retribuição, também ama.
(...) Quando estas características estão ausentes, o amor é uma palavra que veste a memória condicionada pela sociedade, em torno dos desejos lúbricos*, e não do real sentimento que ele representa. Esse relacionamento perturbador faz da outra pessoa um objeto possuído, por sua vez, igualmente possuidor, gerando a desumanização de ambos.

Ao dizer-se meu amigo, minha esposa, meu filho, meu companheiro, meu dinheiro, a posse está presente e a submissão do possuído é manifesta sem resistência, evitando conflitos no possuidor, mas em conflito aquele que se deixa possuir, até o momento da indiferença, por saturação, desinteresse, ou da reação, do rompimento, transformando-se o afeto-posse em animosidade (raiva), em ódio (ANGELIS, 1990, P.73)

Sentiram a mensagem do texto? Se resume em: Amor não pode ser posse. 

Deixamos um asterisco na frase 'desejos lúbricos' para salientar a necessidade de cuidado no trato de termos como este, uma vez que o espiritismo em si não é uma filosofia castradora da individualidade e não 'impede' qualquer forma de expressão ou vivência da sexualidade das pessoas, tema que atualmente considera "de foro íntimo" e de consciência individual.


Referência

ANGELIS, Joana de. FRANCO, Divaldo Pereira. O Homem Integral. 1990. Arquivo pessoal em PDF.

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