Espiritualidade é independente de Religião


Olá pessoal. Como estão?

Aqui continuamos os nossos estudos espíritas e a busca por desenvolver uma mentalidade voltada para o bem, a ética, a diversidade, a democracia e acima de tudo, desenvolvendo a nossa noção de transcedência, compreendendo a nossa natureza espiritual, ampliando a nossa realidade para além das "coisas materiais".

Lembramos a nossos LGBT Espíritas que desenvolver a espiritualidade não tem a ver, necessariamente, com religiões, nem mesmo fraternidades e Centros espíritas. Cada vez mais pessoas, inclusive do meio LGBT, tem buscado e encontrado meios individuais de serem transcedentes.

Digo isto exatamente por que nem todxs se afinizam com igrejas, com ritos religiosos e entram em um conflito pessoal, uma vez que, tradicionalmente, a fé nos é apresentada atrelada a alguma religião.

Através de nossos estudos passamos saber que a própria espiritualidade afirma ser mais importante o desenvolvimento pessoal da espiritualidade, que o culto de ritos que, no fundo no fundo, não satisfazem a pessoa.

Em especial dentre pessoas LGBT, que enfrentam desafios sociais nestes ambientes "tradicionais", vamos quebrando mais este paradigma: espiritualidade não depende de igrejas, ok?

O texto que fundamenta esta reflexão é de nossa querida Joana de Ângelis e se encontra no livro 'O Homem Integral" (abrindo um parêntesis para comentar como este título nos é incômodo na atualidade, uma vez que resume todas identidades de gênero ao masculino. É uma construção da linguagem já bastante questionada pelas feministas e demais representações de gêneros e agêneros de nosso século. Reduzir o todo ao masculino é, no mínimo, invisibilizar no vocábulo a diversidade humana).

Vamos ao texto:

Espiritualidade sem religião
Desvelar os segredos da vida de ultratumba, demonstrar-lhe o sesguimento das aspirações e valores humanos, ora noutra dimensão dentro da mesma realidade da vida, é a finalidade precípua da religião. Ao invés da proibição castradora e do dogmatismo irracional, agressivo a liberdade de pensamento e de opção, a religião deve favorecer a investigação em torno dos fundamentos existenciais, das origens do ser e do destino humano, ao lado dos equipamentos da ciência.
A fim de que esse objetivo seja alcançado, faz-se indispensável a coragem de romper com a tradição (...) libertando-se das fórmulas, para encontrar a forma da mais perfeita identificação com a própria consciência geradora de paz. Tornar-se autêntico é uma decisão definidora que precede a resolução de crescer para dar-se. O desafio consiste na coragem da análise de conteúdo da religião, assim como da lógica, da racionalidade das suas teses e propostas.
Somente desta forma haverá um relacionamento criativo entre o ser e a fé, a religiosidade emocional e a religião. Essa busca preserva a liberdade íntima do ser perante a vida, facultando-lhe um incessante crescimento que lhe dará a capacidade para distinguir em que acredita e porque em tal crê, sustentando as próprias forças na imensa satisfação dos seu descobrimentos e nas possibilidades que lhe surgem de ampliar essa conquistas.
 
Já não se torna, então, importante a religião, formal e circunspecta, fechada e sombria, mas a religiosidade (termo que troco por espiritualidade - nota do blog) interior que aproxima o indivíduo de Deus em toda a sua plenitude. A religiosidade (espiritualidade) é uma consquista que ultrapassa a adoção de uma religião, uma realização interior lúcida, que independe do formalismo, mas que apenas se consegue através da coragem de emergir da rotina e encontrar a própria identidade ( ÂNGELIS, 1990, p.35).
 
É isso, fica a mensagem, como sempre, consoladora de Joana de Ângelis, para mais esta temática, qual seja a desafinidade de muitxs de nós com ritos religiosos e igrejas, mas com desejo sincero de transcender a materialidade e compreender - e vivenciar - a espiritualidade.

Abraços e até o próximo texto.
 
 
Referência

ANGELIS, Joana de. FRANCO, Divaldo Pereira. O Homem Integral. 1990. Arquivo pessoal em PDF.

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