Projeto Espíritas Cristãos em defesa da vida

PROJETO ESPÍRITAS CRISTÃOS EM DEFESA DA VIDA LGBT

Projeto Espíritas Cristãos em defesa da vida
1 INTRODUÇÃO.

Uma frase que sempre ecoa no meio das discussões de políticas voltadas para minorias é a de que os diferentes precisam ser tratados de maneira diferente. Em Desenvolvimento Social discutimos a necessidade de análise de cada realidade, em suas minúcias, para depois opinar sobre os melhores métodos de promoção, crescimento, melhorias... As metodologias que se enquadram aos “iguais” acabam não se encaixando na realidade específica dos grupos chamados minoritários.

No espiritismo, ao propor um trabalho que chame a atenção da categoria LGBT para o fato de que a Doutrina Espírita traz uma linguagem diferenciada em relação ao ser LGBT, é esse princípio que se pretende aplicar, de que o diferente PRECISA ser tratado de maneira diferente, ou seja, há necessidade de que as instituições espíritas se mostrem acolhedoras a esse grupo específico, uma vez que de maneira geral o que se tem em nossa sociedade são discursos religiosos opressivos e pouco libertários da criatura humana LGBT.

O Espiritismo estaria agindo de forma diferenciada ao discursar, em momentos planejados para tal, em favor da defesa da vida LGBT e conscientização contra a morte, exclusão social, discriminações, a fim de fazer visível a mensagem cristã inclusiva de todos, também do LGBT. A Terra caminha de uma realidade de provas e expiações para uma realidade de regeneração, em que a vida se torna abundante para todas as categorias, exigindo que nossas atitudes sejam de defesa da vida, em suas diversas formas de manifestação.


espiritismo

A categoria LGBT cunhou, em sua bandeira de representação, a cor roxa simbolizando o espírito, uma afirmação da necessidade de vivência espiritual. As tradições religiosas, porém, trabalham na perspectiva de que a homossexualidade é uma doença que necessita de “cura”, buscando ajustar o LGBT a uma realidade que não condiz com a sua condição íntima, metodologia que se tornou um desserviço no meio cristão tradicional em relação ao segmento, responsável pelo afastamento de grandes contingentes de qualquer crença espiritual, para não dizer religiosa.

O Espiritismo, ao contrário das religiões tradicionalmente conhecidas, que se apresenta como filosofia, ciência e religião, colabora para uma vivência espiritual sadia ao LGBT, principalmente a partir da contribuição de escritores da atualidade, como o médico e palestrante espírita Andrei Moreira, que coloca a homossexualidade como uma expressão sadia da sexualidade humana, à luz da ciência atual, uma experiência digna de ser vivenciada, quando orientada para a afeição real entre os indivíduos, buscando a vivência amorosa que nutre a alma e eleva a criatura humana à experiências superiores na condição de espírito imortal.

Essa nova perspectiva, em uma filosofia espiritual, abre campo para que o LGBT viva a sua espiritualidade de maneira aprofundada, em um campo que não deixa dúvidas quanto às realidades do espírito imortal. O conhecimento da vida para além desta vida abre à alma esperanças que a fortalecem frente às mazelas do cotidiano, principalmente para um segmento em sua maioria marginalizado e excluído da “normalidade” creditada aos demais indivíduos.

A Casa Espírita se mostrará aberta ao LGBT ao demonstrar que se preocupa com as questões que o aflige e se dispõe a colaborar para que a mensagem do Cristo, de vida em abundância, se torne realidade também para este. Palestras públicas, cursos, eventos, visitas de apoio a instituições sociais que trabalham em prol da categoria, como associações e outras que buscam a sua promoção humana, artigos postados em redes sociais, blogs, mensagens, músicas... são exemplos de maneiras através das quais o Espiritismo amplia o seu campo de intervenção junto à promoção do segmento.

As Fraternidades que fazem parte da Metodologia Auta de Souza, através de suas panfletagens, visitas a escolas e passeatas temáticas, podem colaborar alertando as comunidades em que estão inseridas para a necessidade de construção de uma nova sociedade, pautada no respeito ao espaço do outro e valorização do seu ethos, sua maneira de ver, sentir e agir frente à realidade. Somos todos construtores do mundo de regeneração neste momento, e não podemos nos furtar ao enfrentamento de tais questões, através de nossos espaços de influência pessoal, de nossas redes sociais, esse poderoso veículo de alcance em massa, que nos permite trabalhar as consciências, mesmo estando distantes de seus corpos físicos.

Um texto da mentora do Instituto Salto Quântico, Eugênia Aspásia, presidido pelo médium Benjamim Aguiar, é bastante elucidativo quando afirma que os setores lúcidos da sociedade estão empenhados na defesa da vida para todas as categorias. Setores lúcidos são todos aqueles que não se deixam envolver por fanatismos, nem preconceitos e nem agem de acordo com as próprias conveniências, mas buscando aquilo que de fato promove uma dignidade que seja para todos. O Espiritismo, ao colocar-se como constantemente aberto a revisão de conceitos, como afirmou o codificador Allan Kardec, não se fechando em dogmatismos, apresenta-se como um destes segmentos lúcidos, devotados à promoção da vida em abundância, anunciada pelo Cristo na essência de seu Evangelho.

2 JUSTIFICATIVA:

Para tecer a justificativa é elucidativo o texto de Andrei Moreira, do livro Homossexualidade sob a ótica do espírito imortal, p. 70-71, em que afirma este palestrante espírita:

“A homofobia representa um conjunto de ações que variam desde o bullying escolar e a discriminação no lar até os assassinatos e agressões públicas, em sua maioria direcionados a travestis e transexuais, que não necessariamente são homossexuais (...), representando ódio e desrespeito às diferenças e aos diferentes.

Pesquisas da década de 1990 demonstraram que um terço dos gays e lésbicas já foram vítimas de violência interpessoal e 94% dos homossexuais relatam ter sofrido algum tipo de violência devido à sua orientação sexual. Um em cada cinco homossexuais já foi vítima de crimes pessoais ou à propriedade, e aproximadamente 50% já foram insultados ou abusados devido à sua orientação sexual, segundo as pesquisas mais atuais.

Apesar de a homofobia ter causalidade multifatorial, a falta de uma educação para a alteridade, em uma sociedade que estimula o indivíduo a se realizar exteriormente, na imagem e nos estereótipos, faz com que ela se perpetue na sociedade brasileira, calcada em falsas crenças a respeito da real natureza da orientação afetivo-sexual homossexual.

A violência surge frequentemente dos interesses pessoais feridos, das imagens ameaçadas, da identificação com o homossexual (sim, está cientificamente comprovado que pessoas homofóbicas tem a sua sexualidade mal resolvida, muitas vezes em conflito com a tendência homo ou bissexual que percebem em si mesmas) dos ódios cultivados por filosofias e pensamentos distantes da fraternidade e da tolerância cristãs”.

Por estas afirmações de Andrei se nota o quanto os cristãos tradicionais falham em sua intenção de amor ao próximo ao deixar de abordar e combater a homofobia em seus discursos e práticas. O projeto Espírita-Cristão de defesa da vida LGBT, de maneira tão específica como se faz necessário, cumpriria o objetivo de educação para a alteridade das consciências que se encontrarem sob a influência dos centros Espíritas, tanto em seus espaços físicos como em suas redes sociais.

3. OBJETIVOS:

O projeto tem duplo objetivo: educação social para a alteridade e demonstração, ao LGBT, de um espaço de acolhimento digno, no âmbito da filosofia Cristã, para vivência dos anseios de espiritualidade.

Outro texto de Andrei Moreira ilustra com louvor o objetivo de um projeto Espírita-Cristão de defesa da vida LGBT:

Em virtude dos múltiplos malefícios dos preconceitos, em geral, e da homofobia, em particular, tanto a intrínseca ao indivíduo quanto a social, fica claro que necessitamos de atividades educativas pró-alteridade em nossa sociedade. Isso incluiria desde programas de educação sexual e afetiva até cursos, workshops e intervenções em escolas, igrejas, centros espíritas e demais grupos sociais de promoção do respeito, da fraternidade e da inclusão de todos os diferentes e todas as diferenças.

A alteridade tem sido fortemente incentivada no meio espírita, pelos Espíritos que nos impulsionam a encarar com autenticidade nossa real condição íntima e a da sociedade, flexibilizando julgamentos e ampliando a tolerância, a solidariedade e a fraternidade. A alteridade é abertura para a riqueza da diversidade, a beleza e a complementaridade das diferenças e dos diferentes. Promove o progresso possibilitando a expansão da consciência humana, que é fonte da sabedoria divina em germe no íntimo do ser.

A ética da alteridade consiste basicamente em saber lidar com o 'outro', entendido aqui não apenas como o próximo ou outra pessoa, mas, além disso, como o diferente, o oposto, o distinto, o incomum ao mundo dos nossos sentidos pessoais, o desigual, que na sua realidade deve ser respeitado como é e como está, sem indiferença ou descaso, repulsa ou exclusão, em razão de suas particularidades.

O respeito à homossexualidade como gênero e o reconhecimento do homossexual como pessoa humana não constitui caridade, boa vontade ou concessão da maioria heterossexual. Trata-se de direito fundamental, de resgate da dignidade e do valor de uma minoria rica de experiência, que tem sido historicamente perseguida e massacrada pela intolerância e pela desconsideração.

4. DESCRIÇÃO DA AÇÃO OU METODOLOGIA

As ações ficam em aberto de acordo com a realidade de trabalho de cada Casa Espírita. Há aquelas que trabalham com palestras públicas, outras com mobilizações temáticas comunitárias, apoio social, ações beneficentes, enfim, uma variedade imensa de possibilidades.

O que o projeto focaliza aos interessados em trabalhar nesta linha é a necessidade de que as ações neste campo deixem clara a defesa da vida LGBT, o trabalho pela inclusão, a produção de artigos e mensagens para redes sociais em prol desta educação para o respeito ao outro (educação para a alteridade).

Algumas sugestões:

-Uma palestra pública ao mês (ou com periodicidade determinada pela Casa) voltada ao tema

-produção de artigos, vídeos, músicas, mensagens para redes sociais, enfatizando o tema.

-Visitas a entidades e associações de apoio ao LGBT, em suas cidades, para conhecimento da realidade local que perpassa a categoria.

-Oferta de apoio espiritual a LGBT vítimas de agressões – em suas cidades e via redes sociais.

- Inclusão de imagens de casais homoafetivos, com ou sem filhos adotivos, em materiais educativos com o tema 'Famílias';

-Apoio beneficente a entidades de sua cidade que atendem ao LGBT.

                                                
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