Homofobia internalizada

💭Estudando a homoafetividade com Andrei Moreira - Homofobia internalizada


Homofobia internalizada

Andrei Moreira clarifica o que vem a ser a homofobia internalizada, ou seja, a pessoa homossexual absorve desde pequena os traços negativos que a sociedade coloca à homossexualidade e com isso desenvolve autorrejeição e dificuldade de vivência saudável de sua sexualidade. Vejamos👀:

👉As pessoas homossexuais, educadas em um ambiente heterossexista e discriminatório desde pequenas, em sua maioria aprendem a negar seus desejos, interesses, gostos e tendências, desenvolvendo a autorrejeição e a negação de seus sentimentos. 
Frequentemente chegam a envolver-se afetiva e sexualmente com uma pessoa do sexo oposto na busca de adequar-se àquilo que é esperado delas no contexto familiar e cultural em que se encontram, o que pode gerar consequências desastrosas para si e para os outros, quando isso não represente o desejo e o sentimento reais do indivíduo. 
O cantor porto-riquenho Ricky Martin, em sua autobiografia, descreve os longos anos em que lutou intimamente, como homem público, para se convencer de que o que sentia não necessitava ser partilhado com ninguém e que ele daria conta de viver uma vida heterossexual, realizando-se plenamente. 
Após um período de maturação interior e prática bissexual, ele percebe que na verdade temia a rejeição, a crítica e as perdas que poderiam advir da exposição pública de sua condição homoafetiva. Após conquistar um lugar de respeito e aceitação internacional, decide por revelar-se e aceitar plenamente, escolhendo uma vida pública de relação homossexual. 
"Desde que anunciei minha orientação sexual para o mundo alguns meses atrás, muitas pessoas me perguntaram: Ricky, por que demorou tanto? A resposta é simples: ainda não era o meu momento. Tive de passar por tudo o que passei e viver tudo o que vivi para chegar ao momento exato em que me sentia forte, pronto e totalmente em paz para fazer o anúncio. Eu precisava me amar. E apesar de o processo que tive a esse ponto não ser curto nem simples, eu tinha de atravessar - e tropeçar ao longo do trajeto - meu caminho espiritual, a fim de me encontrar". 
Essa negação e autorrejeição, vivenciada inicialmente pelo cantor e por milhares de criaturas em todo o mundo, é chamada pela psicologia de homofobia internalizada e representa o aprendizado cultural do desamor por si mesmo. "Falamos agora de uma forma perniciosa de autoinjúria, quando, ao ser exposto continuamente à multidão de mensagens, imagens e valores negativos da cultura atrelados à homossexualidade, muitos indivíduos homoeroticamente inclinados aos poucos constroem, sem de todo perceber, uma negação aliada a um preconceito interno contra qualquer tipo de expressão desse Eros que, no entanto, abrigam: é o que chamamos de homofobia internalizada. 
Essa internalização é devastadora, já que compromete profundamente processos de formação de identidade, encarcerando os indivíduos em personas mentirosas, ainda que tiranas, e atinge, desmontando, a capacidade de amar e ser amado, às vezes em caráter irrevogável." 
Ele é responsável não só por muitos dos movimentos de violência ao outro, mas é a base de muitos transtornos do humor e da afetividade, estatisticamente aumentados em homossexuais, responsáveis pela baixa qualidade de vida e ações desequilibradas de inúmeros indivíduos. 
Homofobia internalizada

As pesquisas demonstram que as taxas de tentativas de suicídio por parte de indivíduos homossexuais ou transgêneros são muito elevadas em comparação com os heterossexuais, em virtude de múltiplos fatores. Contudo, a situação nunca foi alvo de uma política específica de cuidados, fazendo com que especialistas, reunidos, produzissem um documento, recém publicado, solicitando a devida atenção e cuidado com a saúde mental da população LGBTT.
 
Em razão da homofobia internalizada, muitos homossexuais (ou bissexuais) chegam a violentar-se, e também a suas parceiras e parceiros (quando se casam na tentativa de heterossexualizar-se), vivendo experiências neuróticas de repressão sexual ou vidas duplas, em que a infidelidade e a hipocrisia se tornam hábitos comuns e aceitos, com consequências infelizes. 
Muitos homens permitem-se aventuras sexuais variadas, mascarados por falsas ideologias machistas, que creditam a homossexualidade somente ao indivíduo que recebe passivamente o ato sexual. Para aqueles, o ato ativo é característica de masculinidade, e muitos não consideram infidelidade o ato sexual com outras pessoas que não suas parceiras, caracterizando a infidelidade somente quando há ligação sentimental com outros parceiros sexuais, fora do relacionamento oficial. 
Essa situação de cisão da personalidade, autorrespeito e hábitos ocultos propicia frequentemente a infelicidade de homens e mulheres que lotam os consultórios médicos e psicológicos com fobias e síndromes variadas, requerendo terapêutica aprofundada e demorada para controle e reequilíbrio (MOREIRA, 2012, P.81-84).👈
homossexualidade sob a otica do espirito imortal
  

Referência

MOREIRA, Andrei. Homossexualidade sob a Ótica do Espírito Imortal. AME Editora. Belo Horizonte/MG, 2012.



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