A Comunicação Não Violenta (CNV) como ferramenta para um mundo melhor

A Comunicação Não Violenta - CNV

 Olá pessoas, tudo bem? Esperamos que sim, mas se não, vamos cuidar com carinho dos conflitos para que sarem. Conflitos são crianças adoecidas que necessitam de sua atenção, carinho, análise e ações no sentido de encontrar a melhor forma para balancear as coisas.

Comunicação não violenta como ferramenta para um mundo melhor é o nosso tema de hoje. Desde o advento das redes sociais a gente percebe que a comunicação se tornou mais distante do face a face e, nas redes, as pessoas se tornam mais agressivas, mais violentas. 

Tudo o que não se diz para o outro frente a frente, se diz laaa nos comentários das mais diversas postagens com que se interage. É neste aspecto (também) que entra a reflexão sobre comunicação violenta. 

Até onde a forma como nos expressamos com o outro, seja face a face seja através de nossos comentários nas redes, promove uma cultura de paz e melhoria da sociedade? 

Não há dúvida de que um mundo melhor vai existir a partir da ação melhor das pessoas. A melhor versão de cada pessoa é que fará a melhor versão da sociedade e vice versa, certo?

E de onde vem a expressão Comunicação Não Violenta? Vamos às referências?

Este texto foi apresentado em cadernos de formação de lideranças, convidando todas as pessoas interessadas em construir uma sociedade mais humana a aplicar a técnica de comunicação não violenta em suas relações do dia a dia, independente da religião que sigam, e até mesmo se não tenham uma religião mas acreditam na ética, no bom senso e no bem comum como valores universais.

Lucena et al (2020) afirmam que muitos conflitos que se desenrolam nas situações do dia a dia acontecem por causa da forma como as pessoas falam umas com as outras. A tentativa de impor pontos de vista, o julgamento do outro, assim, são como violências que dificultam as relações das pessoas em grupo.

Como solução para evitar a violência pela fala, o psicólogo Dr. Marshal Rosemberg, criou a chamada Comunicação Não Violenta (CNV), que consiste em compreender a realidade a partir da observação, da narração e não a partir do julgamento e do juízo de valor. Propõe a compreensão dos próprios sentimentos e necessidades frente a realidade observada; e propõe a fala na forma de pedidos (e não de exigências) para manifestar necessidades.

Não se trata de uma apologia a autopiedade e humilhação, mas um apelo ao bom senso na forma de falar com as pessoas com quem se divide o mesmo espaço social. Citam como referências desta prática figuras históricas, de nossos tempos, como a jovem Malala, Nelson Mandela e Luther King, Monja Coen, Maria da Penha, Madre Tereza de Calcutá

Assim, a atitude de comunicação não violenta segue os seguintes passos:

Passo 1 - Autoavaliação: cada pessoa precisa admitir que se encontra em um contexto social que foi construído

sob valores de competitividade, portanto nota as outras pessoas, ainda que inconscientemente, como inimigas, mas isso precisa mudar para uma visão solidária do outro. Assim, nesse primeiro passo, cada pessoa observa as próprias atitudes e respostas, refletindo se suas palavras estão violentas ou não, se estão julgando os outros ou não. 

“O que precisamos trabalhar nos processos de aprendizagem de nossas relações é agir com generosidade, empatia, compaixão, sem deixarmos de ser autênticos/as e verdadeiros/as com as pessoas e conosco mesmos/as” (LUCENA ET AL, 2020, P. 25)

Passo 2 - Compreensão dos sentimentos: Cada pessoa precisa avaliar os sentimentos que a realidade a volta lhes desperta, admitindo que vivemos em uma sociedade que não nos capacitou para lidar com sentimentos, portanto, a esfera dos sentimentos carece de ser trabalhada por cada indivíduo. 

“Não seríamos humanos/as sem a presença dos sentimentos no cotidiano da nossa existência pessoal e comunitária. Por outro lado, para não ficarmos escravos/as dos sentimentos, temos que ter consciência quanto às consequências das nossas ações” (LUCENA ET AL, 2020, P. 27)

Passo 3 - Compreensão das necessidades: Lucena et al 2020 afirmam que a partir da análise de nossos sentimentos notaremos que eles expressam necessidades. Assim, nesta etapa de autoanálise para a comunicação não violenta, cada pessoa lista que necessidades os seus sentimentos estão lhe demonstrando.

Rosenberg (2006) aponta que ao identificarmos nossas necessidades, estaremos aptos/as a buscar atendê-las, fazendo, assim, com que possamos nos satisfazer, ao mesmo tempo em que podemos melhor nos relacionar com os demais. 

É ter a possibilidade de reconhecer a necessidade que cada um e cada uma tem e que, por vezes, vem embutida nos sentimentos que carregamos, nas atitudes que temos ou nas palavras que expressamos (LUCENA ET AL, 2020, P. 27).

Passo 4 – O pedido: esta etapa da Comunicação Não Violenta (CNV) diz respeito a forma como as pessoas vão falar com as outras sobre as suas necessidades. A expressão que possa ser interpretada como agressão, ameaça, culpa, exigência, punição, tem grande chance de não ser atendida pelas pessoas com quem nos relacionamos. 

Nessa perspectiva, a proposta de Rosemberg é que a expressão de necessidades se dê na forma de pedido, para que seja recebida com empatia.

Expressar-se na forma de pedido não é tarefa fácil, uma vez que a nossa educação, em sociedade, se fundamentou, como dito, sob o viés da competitividade entre indivíduos, portanto naturalizando as formas simbolicamente violentas de expressão, que a autoanálise e a resignificação da vivência social nos convida a rever e reverter.

Comunicação não violenta tem sido difundida em diversos ambientes, desde debates filosóficos acadêmicos a encontros de educação popular, como alternativa de conduta individual que favorece uma vivência coletiva prazerosa. Lembrando que o nosso coletivo perpassa a nós conosco mesmos (autoamor, autocuidado, autoaceitação, autoestima do conjunto corpo e espírito),  a nossa família, amigos, colegas, comunidade em que reside, sociedade, humanidade.

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Referência

LUCENA, José Ivaldo Araújo de; SEIDEL, Jussara Mendonça de Oliveira; SILVA, Maria de Lourdes de Almeida; SANTOS, Vanildes Gonçalves dos; FERNANDES, Vicente Sérgio Brasil. A Comunicação não violenta como atitude de valorização da vida e da cidadania. In: 6a Semana Social Brasileira Mutirão pela Vida: por Terra, Teto e Trabalho. CNBB, 2020. Caderno 1.


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