A harmonia na música

 


" A harmonia é difícil de definir; frequentemente, confundem-na com a música, com os sons resultantes de um arranjo de notas, e de vibrações de instrumentos produzindo esse arranjo. Mas a harmonia não é, isso, não mais do que a chama não é a luz.

A chama resulta da combinação de dois gases, é tangível; a luz que ela projeta é um efeito dessa combinação, e não a própria chama: ela não é tangível. Aqui, o efeito é superior à causa. Assim ocorre com a harmonia; ela resulta de um arranjo musical, é um efeito que é igualmente superior à causa: a causa é brutal e tangível; o efeito é sutil e não é tangível.

Pode-se conceber a luz sem chama e compreender-se a harmonia sem música. A alma está apta a perceber a harmonia fora de todo concurso de instrumentação, como está apta para ver a luz fora de todo um concurso de combinações materiais. A luz é um sentido íntimo que a alma possui (...). A harmonia é igualmente um sentido íntimo da alma (...)

O Espírito que tem o sentimento íntimo da harmonia é como o Espírito que tem aquisição intelectual; ele goza constantemente, um e outro, da propriedade inalienável que amontoaram. O Espírito inteligente, que ensina a sua ciência àqueles que ignoram, sente a felicidade de ensinar porque torna felizes aqueles a que instrui; o espírito que faz o éter ressoar com acordes da harmonia que está nele, experimenta a felicidade de ver satisfeitos aqueles que o escutam.

O compositor que concebe a harmonia a traduz na linguagem que se chama música; concretiza a sua ideia, ele escreve. O artista estuda a forma e agarra o instrumento que permite representar a ideia. O ar, posto em movimento pelo instrumento, leva-a ao ouvido que a transmite à alma do ouvinte.

A ideia do maestro era o seu sentimento íntimo (...) ela produziu sensações naqueles que o ouviram traduzir; essas sensações são a harmonia. A música as produziu: elas são o efeito desta última. A música é posta a serviço do sentimento para produzir a sensação. O sentimento, no compositor, é a harmonia; a sensação, no ouvinte, é também harmonia, com esta diferença de que ela é concebida por um e recebida pelo outro."

Fragmentos da comunicação feita pelo espírito Maestro Rossini ao médium Sr. Nivart, anos 1860, Livro Obras Póstumas, de Allan Kardec (esse livro tem algumas merdas afirmadas pelo próprio Kardec sobre raça, cor, beleza, mas, considerando que essas merdas eram a mentalidade dos anos 1800 e atualmente são alvo do apurado senso crítico de nosso tempo, não desvirtuam o conteúdo das comunicações/ psicografias da época, através dos médiuns).

Sou pessoa da música e confesso a minha estupefação diante desta comunicação sobre a harmonia. Quanta beleza, e verdade, sobre o sentimento que ela provoca, tanto em quem interpreta como em quem ouve. 

Espiritismo - A harmonia na música


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