Progressão espiritual - Pessoas binárias cedo ou tarde serão andróginas

O tema que envolve as polaridades masculino e feminino vem pra gente recheado de polêmicas pela entrada de termos como "ideologia de gênero" na pauta das conversas. 

A divisão que fazemos da masculinidade e da feminilidade, atribuindo cada um desses polos a um sexo, nos leva à impressão de que o Espírito deve se expressar como pertencente ou detentor de uma dessas polaridades e ponto final.

Porém, uma leitura atenta da produção ditada pelos Espíritos a respeito de diversos assuntos, inclusive sobre as polaridades masculino e feminino nos Espíritos, nos mostra que o princípio inteligente, ou Espírito (que somos nós e não "os fantasmas") é criado pela Divindade com todas as suas potencialidades latentes para serem desenvolvidas e aperfeiçoadas.

Ao buscar desenvolver as suas habilidades o Espírito cresce em saber intelectual e moral, a partir da experimentação. Inicialmente o seu aprendizado se dá através das sucessivas encarnações, depois pela inserção no mundo angélico até atingir o seio da própria Divindade.

Quanto às polaridades masculina e feminina, o Espírito as traz latentes em si, ambas, de forma que, sem sombra de dúvida, à luz da doutrina espírita, pode-se afirmar que os Espíritos são todos bissexuais psíquicos. Mudar essa afirmação em nossas palestras ou omiti-la é agir segundo conveniências e preconceito.

Ao longo de sucessivas encarnações alterna a sua experimentação entre ser masculino (o que na Terra se convencionou chamar de homem e foi atribuído a um biotipo específico, até o momento, 2018) e ser feminino (o que se convencionou chamar de mulher, também ligando essa identidade a um biotipo específico, até o momento, 2018).

Autores demonstram que, conforme os Espíritos reencarnam diversas vezes, tanto em uma como em outra polaridade, começa a acumular em seu caráter as características já desenvolvidas, independente do biotipo (corpo) que estejam habitando (lembram que todas as habilidades e as duas polaridades estavam latentes quando o Espírito foi criado, a ser desenvolvidas nas sucessivas vivências?).

Jorge Andrea até cita em uma de suas obras que as polaridades se desenvolvem dos extremos para o meio, se imaginarmos masculinidade e feminilidade dispostos em uma linha reta horizontal, em que em um extremo temos os seres totalmente femininos; no extremo oposto estão os seres totalmente masculinos, e conforme se caminha dos extremos para o meio surgem as infinitas combinações de masculinidade e feminilidade nos indivíduos.

O meio dessa reta é composto por seres andróginos, que desenvolveram tanto a masculinidade quanto a feminilidade, e essas polaridades se equilibram em um todo harmônico.

Emmanuel, contextualizando o assunto, afirma que na Terra o indivíduo é identificado como homem ou como mulher a partir do biotipo, de seus genitais, porém isso constitui um equívoco, sendo que, habitando esses corpos, encontram-se Espíritos imortais, que trazem consigo a soma de suas vivências, tanto em uma polaridade quanto em outra.

Nessa mesma fala frisa as "afinidades eletivas essenciais" nos Espíritos, dando a perceber que elegem ao final das contas os caracteres da masculinidade ou da feminilidade com que se afinam, mas a sua essência é composta pelos caracteres desenvolvidos a partir da experimentação em ambos os polos.

Com isso, cabe a nós espíritas o aprofundamento nos estudos quanto a esse tema, para conseguirmos aceitar com naturalidade o fato de que não fomos feitos taxativamente isto ou aquilo. Fomos feitos isto e aquilo.

Se em nosso meio estamos encontrando seres "totalmente misturados" e os temos discriminado por não aceitarmos a sua natureza "mista", "confusa", "desequilibrada" (juízos de valor tão corrente entre tantos coordenadores, dirigentes e frequentadores de nosso meio), podemos estar diante de Espíritos multimilenares, que acumulam em si a soma de suas vivências em ambas polaridades e trazem impresso em seus caráteres as afinidades que elegeram para si.

Uma vez que no globo há Espíritos em etapas evolutivas diversas, em estágios e experiências também diversos, os há em desenvolvimento inicial de polaridade masculina; os há em estágio inicial de desenvolvimento de polaridade feminina; os há em processo de transição psicológica da polaridade masculina para a feminina, como também os há em transição psicológica do feminino para o masculino; os há com porcentagem masculina maior e "um toque" de feminilidade, como também com porcentagem feminina maior e "um toque" de masculinidade, INDEPENDENTE do corpo que habitem. 

Se hoje qualquer um de nós se identifica como homem em corpo "de homem", saiba que o seu feminino está escondidinho, em estado latente, esperando uma encarnação oportuna para "aparecer".

Se hoje qualquer um de nós se identifica como mulher, em corpo "de mulher", saiba que em seu caso, também, a sua masculinidade está adormecida, aguardando a encarnação oportuna para se desenvolver.

Se hoje qualquer um de vocês, na comunidade LGBT, se sente uma mulher em corpo "de homem" ou um homem em corpo "de mulher", saiba que o Espírito (você) traz em si o caráter com que se afina, independente do corpo que habita. E o corpo ser chamado "corpo de homem" ou "corpo de mulher" foi uma convenção social, ligada a papeis sociais; e por que não pensarmos e admitirmos que o corpo pertence ao Espírito que o habita e qualquer um dos genitais pode ser de uma como da outra identidade de gênero na Terra?

Se hoje qualquer um de vocês, na comunidade LGBT, se sente tanto homem quanto mulher, ou nem homem e nem mulher - pessoas andróginas e pessoas agêneras (que podem representar o meio da reta das polaridades, identificando-se com ambos os polos ou com nenhum, já que não representam mais nenhum dos extremos em que se encontravam no começo de suas encarnações) - saiba que estamos em um mundo até o momento binário quanto à expressão das polaridades nos Espíritos, que não evoluiu ainda o suficiente para criar uma linguagem que englobe as variantes não binárias. 

Os mundos, como os Espíritos, também evoluem, e isso leva tempo. A Terra pode desenvolver um pronome de tratamento para além do "ele" e "ela", é só questão de tempo, estudos, esclarecimentos, ações e abertura por parte dos "dominantes" e ALTERIDADE. Acima de tudo, ALTERIDADE. Antes de tudo, ALTERIDADE.