O real sentido da sublimação sexual


Gente, ler os livros de Chico Xavier (psicografias ditadas por seus amigos espirituais) é sempre uma viagem super interessante, que te prende até a última gota de atenção. E dentre as narrativas de fatos do mundo espiritual há grandes lições dadas por entidades um pouquinho superiores a nós que estamos encarnados.

citação do livro no mundo maior - chico xavier
Temos anotado essas lições, agora, da leitura da Coleção André Luiz. Aí a questão foi: se são citações tão interessantes, por que não levar pro pessoal no Blog? Assim, vamos lá. O texto de hoje está no livro 'No mundo Maior"; é o quinto livro da Coleção André Luiz. 

Resolvi trazer recortes desse livro, antes de trazer recortes dos quatro primeiros, pela relevância que apresenta para nossa comunidade no tocante ao tema sexo, masculinidades e feminilidades. Como este capítulo de livro é extenso e rico em temas diversos, recortei-o em duas postagens, sendo esta a segunda. A primeira postagem encontra-se no link https://lgbtespirita.blogspot.com/2019/04/recorte-de-texto-01-sexo-masculinidade.html

Enquanto via de regra o sexo é julgado pelas religiões como 'fraqueza da carne', vivido somente para reprodução por alguns e como algo sujo por tantos (mulheres principalmente), imersos em tabus religiosos ao longo da história, diversos recortes da literatura espírita trata o sexo em sua naturalidade, simplicidade, e as questões sexuais de forma a aliviar o coração e a consciência, uma vez que nos esclarece que o sexo é fenômeno da alma e a forma como se vive a sexualidade depende também do estágio de evolução das coletividades em cada momento histórico e não apenas de cada um de nós.

São lições que passam despercebidas e são descobertas apenas quando você se aventura a buscar o conhecimento por conta própria. É como sempre recomendamos aqui no blog: tenha a curiosidade de ler. Se querem aprender, conhecer, aprofundar, não fiquem apenas digerindo palestras, porque elas estão recheadas do ponto de vista, da interpretação e muitas vezes da conveniência do palestrante. 

É válido lembrar sempre, gente, que em matéria de sexo, como em qualquer outro campo, o que se ensina é o trato ético ao outro e seus sentimentos, seus anseios e expectativas. O que pesa para a consciência do espírito é ter prejudicado outro.

O texto que segue é ditado pelo espírito André Luiz a Chico Xavier e trata-se de uma palestra que André Luiz presenciou no plano espiritual sobre o sexo. 


No trecho anotado, o palestrante fala sobre sublimação sexual apontando-a como um processo evolutivo da expressão e da prática sexual na existência como um todo. O sexo, sendo força criativa em toda a natureza, evolui com os seres, com os mundos,  com os arranjos e rearranjos da realidade de cada tempo, isso é a sublimação que querem que entendamos. 

O título dessa postagem traz 'o real sentido da sublimação' por que no meio espírita corrente não raro se apregoa a renúncia à prática sexual como atitude para edificação, o que tantas vezes não condiz com o real desejo dos indivíduos que recebem aquela orientação, transformando a prática em sofrimento íntimo, o que mais uma vez é valorizado como meio de se alcançar patamares mais altos. Uma valorização perigosa do "sofrimento" como meio para 'evolução'.

Quando se trata da educação sexual de pessoas homossexuais a dita sublimação se torna então prescrição obrigatória nos círculos conservadores, o que se torna um equívoco, afastando número significativo de pessoas de tais instituições. Sobre isso discorreu Andrei Moreira em seu livro Homossexualidade sob a Ótica do Espírito Imortal e trouxemos para o blog (https://lgbtespirita.blogspot.com/2017/06/homossexualidade-sob-otica-do-espirito_17.html)

A leitura deste capítulo do livro 'No Mundo Maior' permite compreender que sublimar a força sexual não se trata apenas de uma prática individual do ser humano, mas de um processo de toda a natureza, de toda a criação, por assim dizer, em seu trânsito para esferas mais elevadas, onde a energia sexual tem suas formas peculiares de expressão. Vejamos o trecho seguinte, que é exata continuação da citação anterior:

Convictos desta realidade universal, não podemos esquecer que nenhuma exteriorização do instinto sexual na Terra, qualquer que seja a sua forma de expressão, será destruída, senão transmudada no estado de sublimação. As manifestações dos próprios irracionais participam do mesmo impulso ascencional.

Nos povos primitivos, a eclosão sexual primava pela posse absoluta. A personalidade integralmente ativa do homem dominava a personalidade totalmente passiva da mulher. O trabalho paciente dos milênios transformou, todavia, essas relações.

A mulher-mãe e o homem-pai deram acesso a novos sopros de renovação do espírito. Com base nas experiências sexuais, a tribo converteu-se na família, a taba metamorfoseou-se no lar, a defesa armada cedeu ao direito, a floresta selvagem transformou-se na lavoura pacífica, a heterogeneidade dos impulsos nas imensas extensões de território abriu campo à comunhão dos ideais na pátria progressista, a barbárie ergueu-se em civilização, os processos rudes da atração transubstanciaram-se nos anseios artísticos que dignificam o ser, o grito elevou-se em cântico: 

e, estimulada pela força criadora do sexo, a coletividade humana avança, vagarosamente embora, para o supremo alvo do divino amor. Da espontânea manifestação brutal dos sentidos menos elevados a alma transita para gloriosa iniciação.

Desejo, posse, simpatia, carinho, devotamento, renúncia, sacrifício, constituem aspectos dessa jornada sublimadora. (...) Estas conclusões, contudo, não nos devem induzir a programas de santificação compulsória no mundo carnal.

Nenhum homem conseguiria negar a fase da evolução em que se encontra (fase esta que se refere não apenas aos indivíduos mas ao coletivo de indivíduos de um período histórico. Nota do blog). Não podemos exigir que o hotetonte inculto envergue a beca de um catedrático e se ponha, de um dia para outro, a ensinar o Direito romano. Irrisório seria, pois, reclamar do homem de evolução mediana a conduta do santo. 

A natureza, representação da Inesgotável Bondade, é mãe benigna que oferece trabalho e socorro a todos os filhos da Criação. Sua determinação de amparar-nos é sempre tanto mais forte, quanto mais decidido é o nosso propósito de progredir na direção do Bem Supremo. 

Não desejamos, portanto, preconizar no mundo normas rigoristas de virtude artificial, nem favorecer qualquer regime de relações inconscientes. Nossa bandeira é, sobretudo, a do entendimento fraternal. Trabalhemos para que a luz da compreensão se faça entre os nossos amigos encarnados, a fim de que as angústias afetivas não arrojem tantas vítimas à voragem da morte, intoxicadas de criminosas paixões 
(ódio, ira, possessividade e congêneres. Nota do blog)(LUIZ; XAVIER, P. 154-168) 

Referência

Luiz, André. Xavier, Francisco Cândido. No Mundo Maior. (Cap 11 . Sexo. p. 154 a 168). Departamento editorial da FEB. Disponível em <http://www.espiritoimortal.com.br/espirito_imortal/no-mundo-maior.pdf>. Acesso em 04/2017.


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