Menos dogmatismo, mais filosofia e ciência

novembro 08, 2017

Menos dogmatismo, mais filosofia e ciência

Texto ao Blog - São Paulo: Menos dogmatismo, mais filosofia e ciência

Conversava ontem com um amigo sobre análise de conjuntura em nossas casas espíritas e nos perguntávamos até onde estamos de fato abertos e dispostos a mudanças nas estruturas que padronizamos para o movimento ao longo do tempo. Ele colocava: até que ponto as casas ou o movimento, estão representando de fato essa estrutura maior que é o espiritismo. Até onde as casas representam e refletem o verdadeiro espiritismo?

Tudo bem que há espaços onde os temas são discutidos livremente, os jovens podem formar grupos de mocidades segundo as suas personalidades, alegria, senso crítico. Temas como gênero são incluídos com tranquilidade. Pessoas de diferentes expressões de gênero trabalham nas atividades espíritas de forma igualitária, mas... há casas em que membros "que pensam" chegam ao ponto de ser expulsos do grupo. Por mais estranho que pareça, já aconteceu, excomunhão espírita (absurdo)...

São casas em que não se recebe com tranquilidade seres que não se enquadram em um padrão de obediência cega a uma hierarquia estabelecida. O espírita, quando se fecha em estilo puramente religioso, reproduz uma estrutura onde o conhecimento parece ser privilégio do grupo hierarquicamente superior e aos demais membros cabe segui-los e ainda, nesse modelo de organização, o indivíduo "chegante" é sempre visto como o doente e analfabeto espiritual, que vai receber de um grupo seleto de "sábios e saudáveis espirituais", os médiuns, os bens espirituais de que necessita.

Cada vez mais os modelos construídos tendo como base a obediência cega, o cumprimento/execução inquestionável de roteiros e metodologias, tendem a ruir em prol de sistemas abertos ao debate, ao questionamento, à desconstrução parcial do estabelecido para assimilação de novos elementos e síntese frente ao bem comum. Isto é um processo natural, uma vez que as inteligências evoluem progressivamente e solicitam novas formas de organização das estruturas a sua volta.

Os modelos que se tornam antiquados são caracterizados pelo esvaziamento. Em silêncio as pessoas se afastam e buscam no entorno o que de fato satisfaça seus anseios enquanto seres participativos, opinativos, construtores segundo as suas inteligências e capacidades, que sinceramente se dispõem a colocar-se a serviço do bem comum, onde encontrem espaços que de fato valorizem a participação, a colaboração e não unicamente a execução de programas inflexíveis.

Questões precisam sim ser levantadas ou corremos o risco de deixar cair no esquecimento o fato de que o espiritismo é composto por FILOSOFIA, CIÊNCIA E Religião. Muitos se fecham em um dogmatismo religioso e se esquecem do questionamento filosófico, sempre vivo em toda época, fomentando sínteses, inclusão de novos agentes (como os pretos velhos, que aos poucos se juntam novamente ao Kardecismo), novas organizações e atividades, desde que o não sufoquemos com nossas conveniências, interesses pessoais e setoriais, metodologias e hierarquias inflexíveis.