A pessoa Trans e inaceitação ao corpo

 

Estudado Transexualidades com Andrei Moreira: Seria falta de resignação o não enquadramento ao corpo que se tem?


Não podemos chamar a disforia de gênero de rebeldia, falta de resignação ou inaceitação do corpo que se tem, isso seria preconceito e visão estereotipada da realidade. A disforia de gênero possui graus diversos, sendo suportável em algumas pessoas trans e insuportável em outras, que necessitam de redesignação sexual total.
Temos visto na sociedade a construção das identidades trans se desenvolverem cada vez mais, e nesse processo o corpo e a expressão trans sendo validados e reafirmados como dignos e valorosos.
Cada vez mais pessoas trans, sobretudo as que tem acesso ao amparo da comunidade e da visibilidade trans, tem aceitado o seu corpo e se orgulhado de si mesmas como pessoas dignas de valor, espaço, reconhecimento e validação social.
Pode-se observar, então, homens trans que demonstram aceitação do seu órgão genital feminino*, sem necessidade absoluta da transgenitalização, e que expressam isso com coragem e autoestima. 
Compreendemos, portanto, que cada ser conhece "as dores e as delícias de ser o que é", como diria Caetano Veloso, e somente cada um pode definir, em  um processo de autoconhecimento e autoamor, o nível da aceitação que lhe é possível de si mesmo, de seu corpo e de sua expressão sexual.
O que é inconteste, à luz do conhecimento espiritual e do Evangelho, que a doutrina espírita nos ensina, é que nenhum espírito caminha para adiante no processo evolutivo sem se amar e se respeitar, sem acolher-se integralmente e sem enfrentar as suas lutas necessárias ao aprimoramento de si mesmo.
Mas o que faz e como o faz pertence à liberdade e à individualidade de cada ser, respeitosamente (MOREIRA, 2017)

Deixamos um asterisco na afirmação de Andrei "genital feminino" por que acreditamos que esses termos, no que se refere a nós, comunidade LGBT, carecem de revisões. 

Se existe a admissão de que os gêneros são construções sociais é também construção social chamar esse ou aquele genital de feminino e masculino. 

Em nossa ótica o genital pertence ao indivíduo que o possui. Um pênis é genital feminino se o indivíduo que o possui assim se identifica. Da mesma forma uma vagina se faz genital masculino, se assim se identifica o indivíduo que a possui.

Referências


Espiritismo TV. Andrei Moreira. Disponível em: <https://www.espiritismo.tv/Vocabulario/andrei-moreira/ . acesso em 2019

MOREIRA, Andrei. Transexualidades sob a Ótica do Espírito Imortal. AME Editora. Belo Horizonte/MG, 2017.

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