Linha de tempo das afirmações sobre Homossexualidade na Literatura Espírita


Em um de seus textos o médium Benjamim Teixeira afirma ter recebido uma pergunta provocação de um expectador, afirmando haver ambiguidades nas afirmações espíritas sobre a homossexualidade. A esta pergunta ele respondeu da seguinte forma:
"Há gradação (conforme dito a Kardec e corroborado por autores desencarnados de lá para cá) nas revelações da Espiritualidade Sublime, feitas à humanidade, gradação esta que acompanha o progresso da cultura de nosso orbe (assim se referem os espíritos ao mencionar o planeta, orbe terrestre).

Não se dão aulas de matemática avançada a garotos que aprendem aritmética. Assim, nas décadas e séculos transatos, ensinos diferentes foram passados sobre assuntos que hoje podem ser melhor compreendidos pela massa popular.

Todavia, quando alguém, ainda hoje, continua escrevendo de forma “obsoleta”, em nome da Espiritualidade Superior, isto indica que semelhante criatura está filtrando mal aquilo que lhe é dito, o que, lamentavelmente, acontece com muita freqüência, porque os médiuns são filtros vivos, com opiniões e idéias, valores e preconceitos próprios; e a Espiritualidade Maior nunca violenta seus canais, em sua forma de pensar e sentir o mundo.

Com relação a se combater a homossexualidade ou considerá-la doentia, viciosa ou imoral (em qualquer destes níveis de patologização de tal fenômeno humano), em considerando que não estão, os médiuns que pregam essa doutrina bizarra, canalizando obsessores ou pseudo-sábios da outra dimensão de Vida, temos que admitir esta tese: a da interferência inconsciente no texto transmitido – avaliação esta que revela, inclusive, a nossa boa vontade para com eles, já que nenhum espírita pode se colocar contra algo que a Ciência afirma categoricamente. E, há décadas, a homossexualidade é vista como uma expressão saudável da sexualidade humana, pela Psiquiatria e pelas diversas escolas de Psicologia existentes (AGUIAR, 2008).
Construímos, assim, para o blog, uma linha de tempo contendo as ideias que foram lançadas dentro do espiritismo sobre essa questão, através dos escritos de médiuns notáveis (e seus amigos e mentores espirituais), aqueles cujo trabalho se volta à educação e condução da mentalidade de grandes massas humanas, como também de outros autores espíritas da atualidade, como médicos espíritas brasileiros.

vejamos:

1857 - O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec. 29a ed. da FEB. Parte 2" Cap. IV


200. Têm sexo os Espíritos?

-"Não como o entendeis, pois que os sexos dependem da organização. Há entre eles amor e simpatia, mas baseados na concordância dos sentimentos."

201. Em nova existência, pode o Espírito que animou o corpo de um homem animar o de uma mulher e vice-versa?

- "Decerto; são os mesmos os Espíritos que animaram os homens e as mulheres."

202. Quando errante ( o mesmo que desencarnado), que prefere o Espírito: encarnar no corpo de um homem, ou no de uma mulher?

-"Isso pouco lhe importa. O que o guia na escolha são as provas (vivências, experiências) por que haja de passar."

Os Espíritos encarnam como homens ou como mulheres, porque não têm sexo. Visto que lhes cumpre progredir em tudo, cada sexo, como cada posição social, lhes proporciona provações e deveres especiais e, com isso, ensejo de ganharem experiência. Aquele que só como homem encarnasse só saberia o que sabem os homens.* 

*O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec. 29a ed. da FEB. Parte 2" Cap. IV.
Linha de tempo das afirmações sobre Homossexualidade na Literatura Espírita

1963 - Trecho da obra Sexo e Destino, psicografia do Espírito André Luiz a Chico Xavier CAP. 09.


André Luiz, então Espírito habitante da colônia Nosso Lar, conversa com grupo de amigos do Instituto da Sexualidade, onde a espiritualidade de Nosso Lar estuda a temática sexual.

[...] Vaticinou que a Terra, a pouco e pouco, renovará princípios e conceitos, diretriz e legislação, em matéria de sexo, sob a inspiração da Ciência, que situará o problema das relações sexuais no lugar que lhe é próprio.

Empenhou-se a repetir que na Crosta Planetária os temas sexuais são levados em conta, na base dos sinais físicos que diferenciam o homem da mulher e vice-versa; no entanto, ponderou que isso não define a realidade integral, porquanto, regendo esses marcos, permanece um Espírito imortal, com idade às vezes multimilenária, encerrando consigo a soma de experiências complexas, o que obriga a própria Ciência terrena a proclamar, presentemente, que masculinidade e feminilidade totais são inexistentes na personalidade humana, do ponto de vista psicológico.

Homens e mulheres, em espírito, apresentam certa percentagem mais ou menos elevada de característicos viris e feminis em cada indivíduo, o que não assegura possibilidades de comportamento íntimo normal para todos, segundo a conceituação de normalidade que a maioria dos homens estabeleceu para o meio social.

Tendo Neves formulado consulta sobre os homossexuais, Félix demonstrou que inúmeros Espíritos reencarnam em condições inversivas, seja no domínio de lides expiatórias ou em obediência a tarefas específicas, que exigem duras disciplinas por parte daqueles que as solicitam ou que as aceitam.

Referiu ainda que homens e mulheres podem nascer homossexuais ou intersexos, como são suscetíveis de retomar o veículo físico na condição de mutilados ou inibidos em certos campos de manifestação, aditando que a alma reencarna, nessa ou naquela circunstância, para melhorar e aperfeiçoar-se e nunca sob a destinação do mal, o que nos constrange a reconhecer que os delitos, sejam quais sejam, em quaisquer posições, correm por nossa conta.

À vista disso, destacou que nos foros da Justiça Divina, em todos os distritos da Espiritualidade Superior, as personalidades humanas tachadas por anormais são consideradas tão carecentes de proteção quanto as outras que desfrutam a existência garantida pelas regalias da normalidade, segundo a opinião dos homens, observando-se que as faltas cometidas pelas pessoas de psiquismo julgado anormal são examinadas no mesmo critério aplicado às culpas de pessoas tidas por normais, notando-se, ainda, que, em muitos casos, os desatinos das pessoas supostas normais são consideravelmente agravados, por menos justificáveis perante acomodações e primazias que usufruem, no clima estável da maioria.

E à ligeira pergunta que arrisquei sobre preceitos e preconceitos vigentes na Terra, no que tange ao assunto, Félix ponderou, respeitoso, que os homens não podem efetivamente alterar, de chofre, as leis morais em que se regem, sob pena de precipitar a Humanidade na dissolução, entendendo-se que os Espíritos ainda ignorantes ou animalizados, por enquanto em maioria no seio de todas as nações terrestres, estão invariavelmente decididos a usurpar liberalidades prematuras para converter os valores sublimes do amor em criminalidade e devassidão.

Acrescentou, no entanto, que no mundo porvindouro os irmãos reencarnados, tanto em condições normais quanto em condições julgadas anormais, serão tratados em pé de igualdade, no mesmo nível de dignidade humana, reparando-se as injustiças assacadas, há séculos, contra aqueles que renascem sofrendo particularidades anômalas, porquanto a perseguição e a crueldade com que são batidos pela sociedade humana lhes impedem ou dificultam a execução dos encargos que trazem à existência física, quando não fazem deles criaturas hipócritas, com necessidade de mentir incessantemente para viver, sob o Sol que a Bondade Divina acendeu em benefício de todos. A conversação era fascinante, mas um companheiro de serviço veio avisar que Dona Beatriz se achava pronta a receber-nos. Demandamos o interior.

Linha de tempo das afirmações sobre Homossexualidade na Literatura Espírita

1970 - Livro Vida e Sexo, psicografia do Espírito Emmanuel a Chico Xavier - Capítulo 21 - Homossexualidade.


A homossexualidade, também hoje chamada transexualidade, em alguns círculos de ciência, definindo­-se, no conjunto de suas características, por tendência da criatura para a comunhão afetiva com uma outra criatura do mesmo sexo, não encontra explicação fundamental nos estudos psicológicos que tratam do assunto em bases materialistas, mas é perfeitamente compreensível, à luz da reencarnação.

Observada a ocorrência, mais com os preconceitos da sociedade, constituída na Terra pela maioria heterossexual, do que com as verdades simples da vida, essa mesma ocorrência vai crescendo de intensidade e de extensão, com o próprio desenvolvimento da Humanidade, e o mundo vê, na atualidade, em todos os países, extensas comunidades de irmãos em experiência dessa espécie, somando milhões de homens e mulheres, solicitando atenção e respeito, em pé de igualdade ao respeito e à atenção devidos às criaturas heterossexuais.

A coletividade humana aprenderá, gradativamente, a compreender que os conceitos de normalidade e de anormalidade deixam a desejar quando se trate simplesmente de sinais morfológicos, para se erguerem como agentes mais elevados de definição da dignidade humana, de vez que a individualidade, em si, exalta a vida comunitária pelo próprio comportamento na sustentação do bem de todos ou a deprime pelo mal que causa com a parte que assume no jogo da delinquência.

A vida espiritual pura e simples se rege por afinidades eletivas essenciais; no entanto, através de milênios e milênios, o Espírito passa por fileira imensa de reencarnações, ora em posição de feminilidade, ora em condições de masculinidade, o que sedimenta o fenômeno da bissexualidade, mais ou menos pronunciado, em quase todas as criaturas.

O homem e a mulher serão, desse modo, de maneira respectiva, acentuadamente masculino ou acentuadamente feminina, sem especificação psicológica absoluta. A face disso, a individualidade em trânsito, da experiência feminina para a masculina ou vice versa, ao envergar o casulo físico, demonstrará fatalmente os traços da feminilidade em que terá estagiado por muitos séculos, em que pese ao corpo de formação masculina que o segregue, verificando­-se análogo processo com referência à mulher nas mesmas circunstâncias.

Obviamente compreensível, em vista do exposto, que o Espírito no renascimento, entre os homens, pode tomar um corpo feminino ou masculino, não apenas atendendo-­se ao imperativo de encargos particulares em determinado setor de ação, como também no que concerne a obrigações regenerativas. 

O homem que abusou das faculdades genésicas, arruinando a existência de outras pessoas com a destruição de uniões construtivas e lares diversos, em muitos casos é induzido a buscar nova posição, no renascimento físico, em corpo morfologicamente feminino, aprendendo, em regime de prisão, a reajustar os próprios sentimentos, e a mulher que agiu de igual modo é impulsionada à reencarnação em corpo morfologicamente masculino, com idênticos fins. 

(Acrescentamos a este trecho leituras que apontavam o fato de que homofóbicos, ao desencarnarem e tomarem consciência da dimensão das faltas cometidas contra a comunidade LGBT, podem pedir uma nova encarnação como homossexuais, a fim de reparar, em uma nova existência, os males que tenham causado)

E, ainda, em muitos outros casos, Espíritos cultos e sensíveis, aspirando a realizar tarefas específicas na elevação de agrupamentos humanos e, consequentemente, na elevação de si próprios, rogam dos Instrutores da Vida Maior que os assistem a própria internação no campo físico, em vestimenta carnal oposta à estrutura psicológica pela qual transitoriamente se definem. 

Escolhem com isso viver temporariamente ocultos na armadura carnal, com o que se garantem contra arrastamentos irreversíveis, no mundo afetivo, de maneira a perseverarem, sem maiores dificuldades, nos objetivos que abraçam.
Linha de tempo das afirmações sobre Homossexualidade na Literatura Espírita
Observadas as tendências homossexuais dos companheiros reencarnados nessa faixa de prova ou de experiência, é forçoso se lhes dê o amparo educativo adequado, tanto quanto se administra instrução à maioria heterossexual. 

E para que isso se verifique em linhas de justiça e compreensão, caminha o mundo de hoje para mais alto entendimento dos problemas do amor e do sexo, porquanto, à frente da vida eterna, os erros e acertos dos irmãos de qualquer procedência, nos domínios do sexo e do amor, são analisados pelo mesmo elevado gabarito de Justiça e Misericórdia. Isso porque todos os assuntos nessa área da evolução e da vida se especificam na intimidade da consciência de cada um.

AINDA 1970 - AFIRMAÇÕES DE CHICO XAVIER NO PROGRAMA PINGA FOGO

Repórter: Chegou aqui uma pergunta de dona Maria Lúcia Silva Gomes, Avenida Tucuruvi, 736. Pergunta como se explica o “homossexualismo” e a “perturbação” no comportamento sexual à luz da doutrina espírita.

Chico Xavier: Temos tido alguns entendimentos com Espíritos amigos e notadamente com Emmanuel a esse respeito. O “homossexualismo” tanto quanto a bissexualidade ou a assexualidade, são condições da alma humana. Não devem ser interpretados como fenômenos espantosos, como fenômenos atacáveis pelo ridículo da humanidade.

Tanto quanto acontece com a maioria que desfruta de uma sexualidade dita normal, aqueles que são portadores de sentimentos de homossexualidade ou bissexualidade são dignos do nosso maior respeito e acreditamos que o comportamento sexual na humanidade sofrerá de futuro revisões muito grandes por que nós vamos catalogar do ponto de vista de ciência, todos aqueles que podem cooperar na procriação e todos aqueles que estão em uma condição de esterilidade.

A criatura humana não é só chamada a fecundidade física, mas também a fecundidade espiritual. Quando geramos filhos através da sexualidade dita normal somos chamados também a fecundidade espiritual, transmitindo aos nossos filhos os valores do espírito de que sejamos portadores.

Não nos referimos aqui aos problemas do desequilíbrio nem aos problemas da chamada viciação nas relações humanas. Estamos nos referindo a condições da personalidade humana, reencarnada, muitas vezes portadora de conflitos que digam respeito seja a sua condição de alma em prova ou a sua condição de criatura em tarefa específica, de modo que o assunto merecerá muito estudo e poderemos voltar a ele em qualquer tempo que formos convidados.

Nós temos um problema em matéria de sexo na humanidade que precisamos considerar com bastante segurança e respeito recíproco. Vamos dizer, se as potencias do homem na visão, na audição, nos recursos imensos do cérebro, nos recursos gustativos, nas mãos, na tactilidade com que executam trabalhos manuais, nos pés; se todas essas potências foram dadas ao homem para a educação, para o rendimento pelo bem, isto é, potências consagradas ao bem e a luz em nome de Deus, seria o sexo, em suas várias manifestações, sentenciado as trevas?

2002 - LIVRO SEXO E OBSESSÃO -  DIVALDO PEREIRA FRANCO - PELO ESPÍRITO MANOEL PHILOMENO DE MIRANDA 


O sexo é departamento orgânico programado pela vida para a reprodução da espécie. Assexuado, o Espírito renasce numa como noutra polaridade, afim de adquirir experiências e compreensão de deveres, que são pertinentes a ambos os sexos. 

A intrepidez masculina e a docilidade feminina são capítulos que dão ao Espírito equilíbrio e harmonia. Dessa forma, em uma reencarnação pode o Espírito tomar um corpo masculino e noutra um feminino, ou realizar um vasto programa de renascimento em um sexo para depois começar os processos experimentais em outro, sem qualquer prejuízo emocional para a sua estrutura íntima. 

Fadado ao progresso, que é ilimitado, o Espírito deve vivenciar cada reencarnação enobrecendo as funções de que se constitui o seu corpo, de modo a desenvolver os valores que lhe dormem em latência. Graças à conduta moral em cada polaridade, mais fácil se lhe torna, quando edificante, escolher o próximo cometimento. No entanto, quando se permite corromper ou desviar-se do rumo das suas funções, gera perturbações emocionais e psíquicas que lhe impõem duros processos de recuperação, de que não se pode furtar com facilidade. 

Destituído de equipamentos sexuais, o Espírito é neutro na forma da expressão genésica, possuindo ambas as polaridades em que o sexo se expressa, necessitando, através da reencarnação, de experienciar uma como outra manifestação, a fim de desenvolver sentimentos que são compatíveis com os hormônios que produzem. Face a essa condição, assume uma ou outra postura sexual, devendo desenvolvê-la e vivenciá-la com dignificação, evitando comprometimentos que exigem retornos dolorosos ou alterações orgânicas sem a perda dos conteúdos emocionais ou psicológicos. 

Isto equivale dizer que, toda vez quando abusa de uma função, volta a vivenciá-la, a fim de recuperá-la, mediante processos limitadores, inibitórios ou castradores. Todavia, se insiste em perverterse, atendendo mais aos impulsos do que à razão, dominado pelo instinto antes que pelo sentimento, retorna em outra polaridade que não o capacita para a sua manifestação conforme desejara, correndo o risco de canalização das energias de forma equivocada. 

Em assim acontecendo, o fenômeno se torna mais grave, produzindo danos perispirituais que irão exteriorizar-se em transtornos profundos da personalidade e da aparelhagem genésica. "Face aos processos evolutivos, muitos Espíritos transitam na condição homossexual, o que não lhes permite comportamentos viciosos, estando previsto para o futuro, um número tão expressivo que chamará a atenção dos psicólogos, sociólogos, pedagogos, que deverão investir melhores e mais amplos estudos em torno dos hábitos humanos e da sua conduta sexual. "Jamais, porém, se deve esquecer que o sexo, como qualquer outro órgão que constitui o corpo, foi elaborado para a vida e não esta para aquele. 

Respeitar-lhe a função, utilizar-se dela com dignidade e elevação, reflexionar em torno dos objetivos da vida, fazem parte do compromisso para com a existência, sem o que são programados dores e conflitos muitos graves durante o trânsito das reencarnações. "Assim considerando, o abuso na conduta sexual e o seu abastardamento, na busca atormentada de prazeres mórbidos, constituem grave desrespeito às Leis Soberanas, cujo resgate se torna difícil e de longo curso em províncias de sombra e de dores acerbas." 
Linha de tempo das afirmações sobre Homossexualidade na Literatura Espírita

2007 - LIVRO ENCONTRO COM A PAZ E A SAÚDE - DIVALDO PEREIRA FRANCO 


ESPÍRITO JOANA DE ÃNGELIS
CAP 8. Reflexões sobre sexualidade – (fragmentos)

Nesse sentido, quando se apresentam conflitos entre a polaridade física e a psicológica, facultando a afetividade homossexual, cabe aos indivíduos a vivência da ética-moral, deixando-se inspirar pelo amor real e sublimando os sentimentos.

A interiorização do sentimento de amor depois de trabalhado com esmero, expande-se dignificante e rico de bênçãos em todas as áreas do comportamento humano, não apenas expressando-se elevado nos relacionamentos heterossexuais.

Constatado que o homossexualismo não tem natureza patológica, nem é impositivo neuronal, conforme os estudos de nobres neurocientistas da atualidade, reconhecida a tese pela Organização Mundial de Saúde, podemos afirmar, sim, que se encontra geneticamente assinalando alguns neurônios, de forma que a produção de hormônios seja compatível com as heranças espirituais do passado, sempre as grandes delineadoras do presente e do futuro, ou com as necessidades evolutivas...

O espírito progride viajando através de ambas as polaridades, masculina e feminina, facultando que, na mudança de uma para outra, por necessidade de progresso, as marcas (arquétipos) da existência anterior fixem-se na constituição atual, sem nenhum caráter de natureza cármica, punitiva, como pretendem alguns estudiosos, ou por efeito da necessidade de retificação de erros anteriormente praticados, vivenciando novas experiências iluminativas.

Seja, no entanto, qual for, a causa anterior que responde pela atual conduta homossexual, por esse conteúdo anima que se encontra no ser masculino, assim como pelo animus que faz parte da constituição feminina, adquirindo prevalência e impondo a necessidade de atendimento, a conduta moral do espírito irá delinear-lhe a existência harmônica ou conflitiva, insatisfeita ou não, pela qual transitará.

O fato de alguém amar outrem do mesmo sexo não significa distúrbio ou desequilíbrio da personalidade, mas uma opção que merece respeito, podendo também ser considerada como uma certa predisposição fisiológica. Pode-se considerar como uma necessidade sexual diferente com objetivos experimentais no processo da evolução. O amor, no entanto, será sempre o definidor de rumos em favor do ser humano em toda e qualquer situação em que o mesmo se encontre.

AINDA NESTE CAPÍTULO: O SEXO PARA ALÉM DA FUNÇÃO REPRODUTIVA


[...] Nas faixas primárias da evolução, o fenômeno tem por objetivo apenas a reprodução da espécie, em razão da falta de equipamentos nervosos e emocionais para a formulação do prazer. À medida que o instinto se fixa no ser vivo, surgem sensações fortes que logo passam, transferindo-se para a criatura humana em cargas sensoriais expressivas, que lentamente, à medida que se desenvolve a emoção, produz mais profundos estados de gozo, proporcionando equilíbrio, alegria de viver e salutar intercâmbio hormonal, tanto físico quanto psíquico.

A união sexual é fundamental à existência humana, por cujo contributo a vida se expressa, facultando as reencarnações dos espíritos, a união afetiva e a responsabilidade entre os parceiros que se elegem e se vinculam através do tempo, estímulos à arte e à beleza, ao trabalho e ao progresso, à busca da felicidade. 

A ignorância cultural e as frustrações de indivíduos atormentados, no passado, amargurados pelos conflitos, rotularam o sexo como manifestação apenas da animalidade predominante no homem e na mulher, denominando-o pecaminoso e imundo. A sua função é digna e estabelecida pela natureza como essencial à reprodução, sem a qual a vida física se extinguiria. 

Em consequência, os atavismos religiosos ultra-montanos encontraram uma forma de manter a castração sexual, determinando que somente deveria ser usado o sexo para a finalidade procriativa, como se a Divindade estabelecesse limites no sentimento do amor, determinando que uma expressão dele é nobre enquanto a outra se apresenta abjeta. 

Não têm, pois, razão, aqueles que assim pensam, porque a questão mais profunda não se limita à união dos sexos, mas à mente que se deixa viciar, procurando mecanismos eróticos para conseguir novas e estranhas sensações a que se permite, transformando a finalidade relevante da convivência com um parceiro em instrumento para a permissividade doentia. 

(...) 

2007 - PSICOGRAFIA AO MÉDIUM BENJAMIM TEIXEIRA DE AGUIAR 


ESPÍRITO EUGÊNIA ASPÁSIA 
Aracaju, 23 de maio de 2007.

(Benjamin) – Eugênia, uma revista de circulação nacional publicou, nesta semana, reportagem sobre os homossexuais e seus grandes dramas e dificuldades em assumir e viver, socialmente, sua estrutura de orientação psicossexual. Você teria algo a dizer sobre o assunto?

(Eugênia) – Sim, que o futuro da humanidade reserva total cidadania para o segmento homossexual das sociedades; que o preconceito, a discriminação e toda forma de marginalização hoje praticadas constituem signos de primitivismo e inconsciência que serão completamente debelados num breve porvir.

(Benjamin) – O que você quer dizer por breve?

(Eugênia) – 100 ou 200 anos. Dentro de dois séculos, os homossexuais estarão sofrendo discriminação semelhante à que padecem hoje as mulheres: branda, dissimulada, mas suportável.

(Benjamin) – Essa previsão parecerá horrível para muita gente.

(Eugênia) – Sim, eu sei. Mas se trata de um fato. Não pensemos que resistências culturais arquimilenares cederão tão facilmente. Lembremos que há redutos de anacronismo cultural, como o Oriente Médio, onde as conquistas hoje consideradas pobres pela comunidade gay, em países em desenvolvimento, como o Brasil, levarão muitas décadas para por lá se estabelecerem.

(Benjamin) – Há ainda aqueles que julgam que o Plano Superior nunca poderia se posicionar a favor da prática homossexual ou do casamento entre pessoas do mesmo sexo. O que você diria sobre isso?

(Eugênia) – Que elas, em se considerando espíritas, deveriam estudar e se atualizar um pouco mais. Espiritismo é, primeiramente, ciência, como estipulado pelo próprio codificador. Allan Kardec chegou mesmo a asseverar que se algum postulado da “doutrina”, como ele chamava o fabuloso sistema espírita de pensamento, entrasse em contradição com as descobertas apresentadas pela Ciência, deveria ser o mesmo abandonado sumariamente e incorporado o novo conhecimento científico então contraditado. 

Toda a comunidade psiquiátrica e psicológica é unânime em afirmar, atualmente, que a homossexualidade não constitui doença, assim como, muito menos, não representa uma disfunção de caráter. Até mesmo a Organização Mundial de Saúde já reconhece tal fato. A atitude de um espírita que se coloque contra a prática homossexual, portanto, deveria ser observada, no seio de sua comunidade, com a mesma severidade com que se encaram iniciativas de psicólogos brasileiros que intentam “tratar” (entenda-se “curar”) homossexuais: têm cassada a sua autorização para clinicar, pelo Conselho Federal de Psicologia.

(Benjamin) – Outros religiosos, todavia, ainda mais severamente combatem as práticas homossexuais, baseando-se em trechos da Bíblia, sobremaneira nas palavras paulinas, para endossar suas assertivas. Que diria a essas pessoas?

(Eugênia) – Apontem onde Jesus, em algum ponto de seu Evangelho, tenha Se colocado contra a homossexualidade. Cristo nunca se mostrou muito afeito às convenções sociais e sempre deblaterava contra a hipocrisia do farisaísmo judaico. Quanto a Paulo, já que se cita a passagem de sua condenação a homossexuais, poder-se-ia, outrossim, seguir sua recomendação de que as mulheres fizessem silêncio nas Igrejas, para qualquer prática de ensino do Evangelho, e que também se mantivessem obedientes aos homens, já que estavam em segunda ordem de importância, na Criação Divina, em relação a seus parceiros masculinos (Vide I Timóteo, 2: 11-13; e I Coríntios, 11: 7-9). 

Apesar do absurdo que soa nos dias hodiernos, tal preceituação era compreensível para o tempo primitivo em que o “Apóstolo dos Gentios” pregou o Evangelho. O que não se entenderia é que semelhante ideia fosse hoje adotada nas igrejas, e, de fato, o maior número das instituições religiosas se posiciona em concordância com o que dizemos (embora mesmo a Igreja Católica tenha grandes restrições ao sexo feminino, ainda nos dias atuais). Igualmente se deve pensar em relação à concepção paulina sobre homossexualidade. 

Jesus acercava-se de “santas mulheres”, na própria linguagem evangélica, e dava claros sinais de as ter como melhores seguidoras de seus ideais que os homens daquele tempo atávico (parece que essa diferença entre os sexos, para as questões da espiritualidade, ainda não mudou muito), as únicas que não O abandonaram na hora do suplício da crucifixão, exceção feita a João, tão doce menino, que, ao falar com Jesus na “Santa Ceia” (*2), deita a cabeça no peito do Mestre. Ao reverso, entretanto, de discriminá-lo por sua candidez, Jesus o tinha como o Apóstolo “mais amado”, como reza o texto bíblico.
Linha de tempo das afirmações sobre Homossexualidade na Literatura Espírita

2010 - Psicografia ao médium Benjamim Teixeira de Aguiar, Espírito Eugênia Aspásia 


Benjamin Teixeira) – Eugênia, fiquei muito impressionado com o espocar da defesa ferrenha aos gays (no ponto específico do direito ao casamento entre pessoas do mesmo sexo), em considerando que um “monstro sagrado” do conservadorismo norte-americano, Ted Olson, um brilhante advogado de 69 anos, com 45 vitórias em 56 processos na Suprema Corte ianque, estaria, conforme relatos de íntimos, empolgado com a causa, a ponto de dizer ser a mais importante de sua vida. O que haveria por trás disso?

(Espírito Eugênia) – Ocorreu, neste assunto, uma espécie de ultrapassagem do “ponto crítico”, que leva o preconceito a ser encurralado, concomitantemente, em diversos segmentos da sociedade. A frase de Victor Hugo ressoa ainda aos nossos ouvidos: “Nada é tão irresistível quanto uma ideia cujo tempo é chegado” (*2). 

Outrora, vimos isso se dar em relação à causa abolicionista e, mais recentemente, à causa dos direitos humanos dos negros, com seus mártires respectivos, nos séculos XIX e XX: Abraham Lincoln e Martin Luther King Jr. Mais suave, paralela (embora sem menos impacto e importância), foi a causa feminista, tão disseminada em seus efeitos construtivos, que ganhou, de certo modo, uma relativa invisibilidade (por demais precoce – a opressão feminina está longe de haver desaparecido do orbe), nos discursos políticos e acadêmicos, cívicos e culturais, de uma forma geral, em todos os países desenvolvidos do Ocidente.

A causa gay, em particular, tem conotações muito próprias que a aproximam das ambiguidades e complexidades do mundo moderno, entre elas o fato de envolver um debate entre ciência e religião (já que a maior parte das vozes desta última condena a prática homossexual, enquanto todas as opiniões da primeira dizem o contrário) e o confronto entre as civilizações do Oriente e Ocidente (a primeira, extremamente refratária à questão – fazendo alusão ao Islã –; a segunda, em vários de seus departamentos, demonstrando praças de guerra abertas à discussão do combate à homofobia.

Por estas características emoldurarem-na, fazendo-a emblemática da campanha geral de libertação das consciências humanas sobre o jugo arquimilenar do medo e da opressão, grandes gênios do Plano Sublime estão deveras interessados na questão. O dogmatismo cristão (quanto o muçulmano) está travando, nela, uma pugna que se fará referencial, para os destinos dos povos humanos. Esta peleja se distende em várias áreas do universo social, simultaneamente, como o campo dos costumes, da legislação, dos valores sociais.

Inadiável se faz a reconsideração e ressignificação de velhos preceitos religiosos – seja o de bases bíblicas, seja o assentado no Alcorão –, a fim de que o fanatismo e o fundamentalismo percam força, ante a verdade autoevidente da necessidade, indiscutibilidade e universalidade dos direitos humanos. 

Este digladiar secular de forças antagônicas deixará óbvio o imperioso dever de cuidado na interpretação de textos tidos como sagrados, de quaisquer tradições espirituais, de molde a que não sejam eles utilizados como lastros para a perpetração de atentados contra as denominadas “liberdades individuais”, e, por conseguinte, possa-se preservar, no mundo contemporâneo, a respeitabilidade dos segmentos religiosos, como um todo, estabelecendo-se, dentro de limites razoáveis, uma comunicação entre os setores científicos e espirituais da sociedade, imprescindível numa era qual a em que viemos, de embate entre etnias, culturas e mesmo civilizações, confronto que se pode tornar fratricida, quiçá apocalíptico, se as pendências e conflitos mais cruentos entre os povos e suas culturas não forem devidamente solvidos.

A urgência deste processo de superação dos tabus se faz tal, que muitas personalidades influentes encarnadas têm sido trazidas, fora do corpo, a contactar seus guias espirituais e destacadas Inteligências do Domínio Excelso, que as têm “trabalhado”, no sentido de as levarem a rever seus pontos de vista (inobstante o inviolável respeito ao livre-arbítrio e ao discernimento pessoal), para que se abreviem muitas dores no futuro, que se farão decorrentes do radicalismo e da injustiça inerentes à negação de dignidade e civilidade a minorias discriminadas, em função da enormidade de implicações destrutivas e autodestrutivas que normatizações discriminatórias costumam ter, não só nas sociedades que lhes são berço, como nas que lhes são alvo das projeções psicológicas e culturais de tirania, selvageria e “caça às bruxas” – o famoso processo de “perseguição ao bode expiatório”, qual o ataque às Torres Gêmeas em Manhattan, no ano de 2001.

2010 - Médium Benjamim Aguiar, Espírito Matheus Anacleto 


Toda leitura conceitual deve partir da contextualização histórica e dos interesses subliminares que subjazem aos valores propalados externamente.

No passado da humanidade, em que se viviam tempos de exposição perigosa a intempéries naturais e em que se sofriam epidemias devastadoras e guerras sangrentas em proporções calamitosas quanto constantes, natural que o inconsciente coletivo humano tomasse inclinação por rejeitar sexo não-reprodutivo, manifestando tal tendência nas superestruturas culturais (incluindo, fortemente, a religião) e nos modelos de organização sócio-econômica.

Desde, todavia, que se entende o ser humano como mais que uma mera máquina de reprodução sexual, e que homens e mulheres sejam mais que machos e fêmeas, todas as sutis implicações dessa flexibilização paradigmática repercutirão em novos modelos de família, moral e costumes, bem como leis e diretrizes religiosas. Trata-se de uma questão de desenvolvimento civilizacional, uma tendência histórica irrefreável.

A promiscuidade e os comportamentos indignos é que caracterizam distúrbios psíquicos ou disfunções da personalidade. Não se deve definir o ser humano por seu sexo, nem por suas preferências sexuais, e sim por seu caráter e seu intelecto, bem como pelas contribuições específicas que pode ofertar à sociedade de que é partícipe. Avaliar-se alguém por seus hábitos de alcova é algo de extremamente retrógrado, primitivo e simplório, denunciando pouca inteligência, cultura, sabedoria e atualidade de quem propõe tal forma de julgamento humano.

A Religião é sempre resistente aos avanços culturais e sociais – sempre foi assim. É uma questão de natureza epistemológica – tem função conservadora, mais que outros campos gnosiológicos, pelas presunções de verdade em que facilmente se deixa envolver. A Ciência e a Filosofia, como as Artes, e outros departamentos do saber e agir humanos são mais livres para esposar idéias novas, mais complexas ou revolucionárias.

Por isso, eis a importância de se afirmar, com veemência, que a interpretação de textos sagrados jamais deverá ser literal. Todo literalismo revela ou estultícia de quem o faz ou, muito pior que isso: más intenções. Jesus e os grandes mestres da religião e da espiritualidade jamais rejeitaram qualquer forma de amor. Somente os homens, sobretudo os doutores em teologia, contaminados por suas pretensões de superioridade e impregnados de concepções inteiramente ultrapassadas, cunharam editos contra mulheres, homossexuais e artistas, bem como cientistas e livres-pensadores, no carreiro dos séculos.

É hora de se parar e se pensar, com critério e lucidez, no que se diz e no que se prega. Não adiantou que grandes autoridades teológicas queimassem vivos em fogueiras sagradas os ousados homens de ciência que se atreveram a dizer a Terra era redonda. Ela nunca deixou de ser. Mas a culpa dos que agiram mal perdurou, de qualquer forma, para além, muito além daqueles dias insanos…


2012 - Escrita do Livro Homossexualidade Sob a Ótica do Espírito Imortal, Andrei Moreira


ENTREVISTA À ASSOCIAÇÃO MÉDICO ESPÍRITA DE MINAS GERAIS

AMEMG: Qual sua avaliação sobre como a comunidade espírita trata a homossexualidade?


Andrei Moreira: Em geral, observamos uma abordagem superficial e discriminatória por parte da comunidade espírita com os homossexuais e a homossexualidade. É compreensível que seja assim, pois todo meio religioso lida com idealizações e preconceitos seculares. Todavia, tal postura pode ser modificada por meio do que recomenda Allan Kardec: estudo sério e aprofundado de um tema para que se possa opinar sobre ele. É lamentável que nós, adeptos de uma fé raciocinada, nos permitamos o mesmo comportamento dos religiosos fundamentalistas.

Observa-se muita opinião pessoal sem fundamento tomada como regra e lei. Tais opiniões costumam ser destituídas de compaixão e amorosidadee terminam por isolar o indivíduo homossexual, tachando-o de doente, perturbado, promíscuo e/ou obsediado. Às vezes ele é até mesmo afastado das atividades espíritas habituais, como se fosse portador de grave moléstia que devesse receber reprovação e crítica por parte da parcela heterossexual “normal” da sociedade. Tais posturas são frequentemente embasadas no tradicional preconceito judaico-cristão-ocidental de que a única e exclusiva função da sexualidade é a procriação humana, tomando a parte pelo todo.

O Espiritismo é uma doutrina livre e libertária, compromissada com o entendimento da natureza íntima do ser humano e o progresso espiritual. Nos dá bases muito ricas de entendimento do psiquismo e da sexualidade do espírito imortal, como instrumentos divinos dados por Deus ao homem para seu aprimoramento e felicidade. Além disso, nos oferece esclarecimento a respeito das condições e situações determinadas pela liberdade do homem, que desvia esses instrumentos superiores de suas funções sagradas.

É imprescindível que se extinga em nosso movimento o preconceito e que os homossexuais tenham campo de trabalho, se dediquem ao estudo e à prática da doutrina espírita, com a mesma naturalidade de heterossexuais. Isso, para que compreendam o papel de sua condição em seu momento evolutivo e a utilizem com respeito e dignidade com vistas ao equacionamento dos dramas internos, ao cumprimento dos planos de trabalho específicos em sua proposta encarnatória e ao seu progresso pessoal, da família e da sociedade da qual faz parte, da mesma maneira como deve fazer o heterossexual.

10. Como devem se comportar os pais espíritas de um indivíduo que se descubra homossexual?

Aos pais de uma pessoa homossexual cabe o acolhimento integral e amoroso do indivíduo, com aceitação de sua condição, que nada mais é que uma das características da personalidade. Ser homossexual não é sinônimo de ser promíscuo, inferior, afeminado (para homens) ou masculinizado (para mulheres). Simplesmente atesta que o indivíduo se realiza sexual e afetivamente no encontro entre iguais. 

A pessoa homossexual deve receber a mesma instrução e educação a respeito da sexualidade que os heterossexuais, a fim de bem direcionar as suas energias e esforços no sentido da construção do afeto com quem eleja como parceiro (a). A postura na vivência da sexualidade, para homossexuais, deve ser a mesma aconselhada pelos espíritos a heterossexuais: dignidade, respeito a si mesmo e ao outro, valorização da família, da parceria afetiva profunda no casamento e dedicação da energia sexual criativa em benefício da comunidade em que está inserido.

O acolhimento amoroso da família é fundamental para que o indivíduo homossexual possa se aceitar, se compreender, entendendo o papel dessa condição em sua vida atual, e para que se sinta digno e responsável perante suas escolhas. A luta, para aqueles que vivem essa condição, é grande, a fim de afirmar a sua autoestima em uma sociedade que banaliza a condição sexual e vulgariza a diferença.

A família é o núcleo onde se encontram corações compromissados em projetos reencarnatórios comuns, com vínculos pessoais de cada um com o passado daqueles que com eles convivem, devendo ser cada membro dessa célula da sociedade, um esteio para que o melhor do outro venha à tona, por meio da experiência amorosa.

Os pais de homossexuais poderão ler e compartilhar interessantes experiências de outros pais no site e nos livros de Edith Modesto:http://www.gph.org.br


11. Gostaria de acrescentar algo?

Romanos 14:14 “Eu sei, e estou certo no Senhor Jesus, que nada é de si mesmo imundo a não ser para aquele que assim o considera; para esse é imundo.”

Todas as experiências evolutivas onde estejam presentes o autorrespeito, a autoconsideração, a autovalorização e o autoamor são experiências evolutivas promotoras de progresso e evolução, pois aquele que se oferece essas condições naturalmente as estende ao outro na vida. 

A homossexualidade, independentemente da forma como se haja estruturado como condição evolutiva momentânea do indivíduo, pode ser vivenciada com dignidade e ser um rico campo de experimentação do afeto e construção do amor, desde que aqueles que a vivam se lembrem de que são espíritos imortais e de que a vida na matéria é tempo de plantio para a eternidade, no terreno do sentimento e das conquistas evolutivas propiciadas pelo amor, em qualquer de suas infinitas manifestações.

Diz-nos Emmanuel no livro Vida e Sexo, lição 21 – Homossexualidade, ed. Feb:

“A coletividade humana aprenderá, gradativamente, a compreender que os conceitos de normalidade e de anormalidade deixam a desejar quando se trate simplesmente de sinais morfológicos, para se erguerem como agentes mais elevados de definição da dignidade humana, de vez que a individualidade, em si, exalta a vida comunitária pelo próprio comportamento na sustentação do bem de todos ou a deprime pelo mal que causa com a parte que assume no jogo da delinqüência.”

E complementa André Luiz, no livro Sexo e destino – Cap. 5, pág 155 – ed. Feb:

“(…) no mundo porvindouro os irmãos reencarnados, tanto em condições normais quanto em condições julgadas anormais, serão tratados em pé de igualdade, no mesmo nível de dignidade humana, reparando-se as injustiças achacadas, há séculos, contra aqueles que renascem sofrendo particularidades anômalas, porquanto a perseguição e a crueldade com que são batidos pela sociedade humana lhes impedem ou dificultam a execução dos encargos que trazem à existência física, quando não fazem deles criaturas hipócritas, com necessidade de mentir incessantemente para viver, sob o sol que a Bondade Divina acendeu em benefício de todos.”
Linha de tempo das afirmações sobre Homossexualidade na Literatura Espírita


2017 - Escrita do Livro Transexualidades sob a Ótica do Espírito Imortal - Andrei Moreira

No caso das pessoas travestis e transexuais, creio mesmo que temos uma dívida de amor para com essa comunidade. Se elas não tem vindo à casa espírita, isso se deve, em parte talvez expressiva, à maneira com que são recebidas, aos olhares indiscretos que não ousam dizer nada, mas que fuzilam com a crítica e o preconceito, quando não ao isolamento e exclusão diretos.
Nesse sentido, penso ser dever da casa espírita ir ao encontro dessas pessoas e demonstrar o afeto que conquista e a dignificação pessoal que transforma. Isso significa ir até as ruas ou casas onde se prostituem as travestis e mulheres trans e ofertar uma palavra amiga, um convite generoso e fraterno.
Ou abrir as portas da casa para grupos de amparo às pessoas e famílias de pessoas transgêneras que passam por dificuldade de autoaceitação ou de aceitação do outro, seu familiar. 
Jesus não aguardava que as pessoas viessem até Ele, Ele as procurava e as consolava em suas dores para logo depois falar ao coração do filho de Deus que se ocultava por detrás daquela persona ou da máscara social, qualquer que fosse ela, sem nunca discriminar, sem nunca exigir. Ele apenas amava.
Para que isso seja vivido, é essencial que a casa espírita se prepare e abra espaço para palestras sobre a temática, perdendo-se o medo tão frequente de abordar temas controversos, o que pode ser conseguido quando olhamos com amor para a pessoa que passa por aquela experiência e percebemos que sua dor e solidão merecem acolhimento e cuidado fraternal.
Também é justo e imperioso que se preparem atendentes fraternos, que eles estejam capacitados a abordar esta demanda, por meio de cursos e seminários específicos que devem ser promovidos pelas federativas locais, seja pela iniciativa das próprias casas, unindo grupos e partilhando os estudos para o benefício da coletividade. 
Talvez a casa a que pertençamos não tenha alguém que se sinta apto a esse estudo, porém a casa vizinha o possui, ou o estado ao lado, competindo ao interesse cristão a tarefa de agrupar os trabalhadores no debate e formação específica nessa área. (MOREIRA, 2017

Referências

AGUIAR, Benjamim Teixeira de. Ambiguidade, na Literatura Espírita, sobre o tema Homossexualidade. 2008. Disponível em<http://www.saltoquantico.com.br/2008/09/11/ambiguidade-na-literatura-espirita-sobre-o-tema-homossexualidade/> Acesso em abr. 2017.


MOREIRA, Andrei. Transexualidades Sob a ótica do Espírito Imortal. AME, 2017. 



💙Gostou? 💭Compartilhe

👀 Leia também



Comentários

Postagens mais visitadas