Educação para a alteridade

 Estudando a Homoafetividade com Andrei Moreira - Educação para a alteridade

Em virtude dos múltiplos malefícios dos preconceitos, em geral, e da homofobia, em particular, tanto a intrínseca ao indivíduo quanto a social, fica claro que necessitamos de atividades educativas pró-alteridade em nossa sociedade.
Isso incluiria desde programas de educação sexual e afetiva até cursos, workshops e intervenções em escolas, igrejas, centros espíritas e demais grupos sociais de promoção do respeito, da fraternidade e da inclusão de todos os diferentes e todas as diferenças.
Educação para a alteridade
A jornalista Cláudia Werneck faz uma importante reflexão sobre o uso leviano da palava "todos" nos discursos sociais, quando as pessoas afirmam que desejam justiça social e igualdade para todos.
Ela pergunta, com clareza: "Quem cabe no seu todos?" Quais grupos que cabem em suas crenças, em sua aceitação, em seu desejo de felicidade?

No seu "todos" cabem os negros, homossexuais, bissexuais, índios, seringueiros, catadores de papel, ricos, refugiados, travestis, doentes mentais, assassinos, presidiários, filhos de presidiários, transexuais, prostitutas, obesos, aposentados, etc?
Pois estes, entre inúmeros outros, são grupos que sofrem discriminação frequente e recorrente, ficando de fora do processo de inclusão social. Essa reflexão oportuna segue o movimento mundial de implantação de uma sociedade inclusiva.
A sociedade inclusiva, também chamada de sociedade para TODOS, é uma proposta da ONU, documentada em dezembro de 1990 através da resolução 45/91. As nações unidas pedem que até o ano 2010 passemos da fase de conscientização para a ação (...)
A ONU defende o uso incondicional da palavra TODOS, propondo um TODOS que seja TUDO. Um TUDO sem exceções. (...) (MOREIRA, 2012, P.95).
Educação para a alteridade
A alteridade tem sido fortemente incentivada no meio espírita, pelos Espíritos que nos impulsionam a encarar com autenticidade nossa real condição íntima e a da sociedade, flexibilizando julgamentos e ampliando a tolerância, a solidariedade e a fraternidade.
A alteridade é abertura para a riqueza da diversidade, a beleza e a complementaridade das diferenças e dos diferentes. Promove o progresso possibilitando a expansão da consciência humana, que é fonte da sabedoria divina em germe no íntimo do ser (MOREIRA, 2012, P. 97)

Ensina Ermance Dufaux: A ética da alteridade consiste basicamente em saber lidar com o 'outro', entendido aqui não apenas como o próximo ou outra pessoa, mas, além disso, como o diferente, o oposto, o distinto, o incomum ao mundo dos nossos sentidos pessoais, o desigual, que na sua realidade deve ser respeitado como é e como está, sem indiferença ou descaso, repulsa ou exclusão, em razão de suas particularidades.
Educação para a alteridade
O respeito à homossexualidade como gênero e o reconhecimento do homossexual como pessoa humana não constitui caridade, boa vontade ou concessão da maioria heterossexual. Trata-se de direito fundamental, de resgate da dignidade e do valor de uma minoria rica de experiência, que tem sido historicamente perseguida e massacrada pela intolerância e pela desconsideração.

Resgatar o espaço comunitário e social das pessoas homossexuais, nas famílias, nos grupos e instituições, e o valor de cada indivíduo em particular, amparando cada qual em suas necessidades específicas de acompanhamento biopsicossocial, em função das sequelas da homofobia social e internalizada, é caminhar para uma sociedade inclusiva, como propõe a OMS.

André Luiz - que ao lado de Emmanuel, é responsável pelos mais belos e respeitosos textos a respeito da homossexualidade - declara com propriedade, trazendo-nos a palavra dos instrutores espirituais de elevada hierarquia: Acrescentou, no entanto, que no mundo porvindouro os irmãos reencarnados, tanto em condições normais quanto em condições julgadas anormais, serão tratados em pé de igualdade, no mesmo nível de dignidade humana, reparando-se as injustiças achacadas, há séculos, contra aqueles que renascem sofrendo particularidades anômalas, porquanto a perseguição e a crueldade com que são batidos pela sociedade humana lhes impedem ou dificultam a execução dos encargos que trazem à existência física, quando não fazem deles criaturas hipócritas, com necessidade de mentir incessantemente para viver, sob o sol que a Bondade Divina acendeu em benefício de todos (MOREIRA, 2012, P. 98).
homossexualidade sob a otica do espirito imortal
Referências

TV Espiritismo. Andrei Moreira. Disponível em: <https://www.espiritismo.tv/Vocabulario/andrei-moreira/ . acesso em 2019

MOREIRA, Andrei. Homossexualidade sob a Ótica do Espírito Imortal. AME Editora. Belo Horizonte/MG, 2012.

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Comentários

Thiago Kaipper disse…
Boa noite! Belo texto. Só não entendi em que aspectos devem-se o respeito à homossexualidade como gênero. Obrigado.
Thiago Kaipper disse…
Boa noite! Belo texto. Só não entendi em que aspectos devem-se o respeito à homossexualidade como gênero. Obrigado.
Boa tarde, Thiago. O foco do texto é mesmo a educação para a alteridade. Os modelos de educação vigente em nossas sociedades começam a se abrir para englobar novas maneiras de ser sujeitos históricos e sociais, é isto que o texto de Andrei Moreira vem frisando.
Unknown disse…
O dr Andrei Moreira quer impor a sua realidade escrevendo um livro pra obrigar a sociedade achar e aceitar a homossexualidade. Eu acho isso um absurdo .
Olá, Bom dia.
Respeitamos imensamente todos os pontos de vista que vem para o Blog, colaborando para a nossa reflexão.

Sobre a colaboração do Dr. Andrei Moreira para com o tema homossexualidade, sob a ótica do Espírito imortal, vemos como um grande feito, nos orgulhamos do fato de que esta iniciativa tenha partido dele, um como nós.

Temos explorado com afinco, amor e zelo os livros, tanto o Homossexualidade sob a ótica do Espírito Imortal como o Transexualidades sob a ótica do espírito Imortal, e estamos no aguardo das novas edições, conforme comentado pelo autor; conforme avancem os estudos sérios e livres de preconceitos, enfim, para nós é uma salutar contribuição.

Só agradecemos a Deus pela nova referência (que reforça falas do próprio Chico Xavier), pelas novas luzes lançadas sobre este tema ainda tão complexo para a humanidade e tão simples(para nós) de vivenciar.

Os livros de Andrei foram o pontapé inicial para todo o trabalho do Blog LGBT Espírita.

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