Comunidade Espírita e Homossexualidade
Associação Médico Espírita de MG: Qual sua avaliação sobre como a comunidade espírita trata a homossexualidade?
Andrei Moreira: Em geral, observamos uma abordagem superficial e discriminatória por parte da comunidade espírita com os homossexuais e a homossexualidade. É compreensível que seja assim, pois todo meio religioso lida com idealizações e preconceitos seculares.
Todavia, tal postura pode ser modificada por meio do que recomenda Allan Kardec: estudo sério e aprofundado de um tema para que se possa opinar sobre ele. É lamentável que nós, adeptos de uma fé raciocinada, nos permitamos o mesmo comportamento dos religiosos fundamentalistas.
Observa-se muita opinião pessoal sem fundamento tomada como regra e lei. Tais opiniões costumam ser destituídas de compaixão e amorosidade e terminam por isolar o indivíduo homossexual, tachando-o de doente, perturbado, promíscuo e/ou obsediado.
Às vezes ele é até mesmo afastado das atividades espíritas habituais, como se fosse portador de grave moléstia que devesse receber reprovação e crítica por parte da parcela heterossexual “normal” da sociedade. Tais posturas são frequentemente embasadas no tradicional preconceito judaico-cristão-ocidental de que a única e exclusiva função da sexualidade é a procriação humana, tomando a parte pelo todo.
O Espiritismo é uma doutrina livre e libertária, compromissada com o entendimento da natureza íntima do ser humano e o progresso espiritual. Nos dá bases muito ricas de entendimento do psiquismo e da sexualidade do espírito imortal, como instrumentos divinos dados por Deus ao homem para seu aprimoramento e felicidade. Além disso, nos oferece esclarecimento a respeito das condições e situações determinadas pela liberdade do homem, que desvia esses instrumentos superiores de suas funções sagradas.
É imprescindível que se extinga em nosso movimento o preconceito e que os homossexuais tenham campo de trabalho, se dediquem ao estudo e à prática da doutrina espírita, com a mesma naturalidade de heterossexuais.
Isso, para que compreendam o papel de sua condição em seu momento evolutivo e a utilizem com respeito e dignidade com vistas ao equacionamento dos dramas internos, ao cumprimento dos planos de trabalho específicos em sua proposta encarnatória e ao seu progresso pessoal, da família e da sociedade da qual faz parte, da mesma maneira como deve fazer o heterossexual (AMEMG, 2012).
Referência
AMEMG. Entrevista com Andrei Moreira: A Homossexualidade Sob a Ótica do Espírito Imortal. Associação Médico Espírita de Minas Gerais, 2012. Disponível em<http://www.amemg.com.br/2012/01/11/%E2%80%9Ca-homossexualidade-sob-a-otica-do-espirito-imortal%E2%80%9D-entrevista-com-andrei-moreira/> Acesso em 2016.
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